A vida do senador Renan Calheiros (PMDB) – que comanda o Congresso Nacional e é um dos mais importantes aliados da presidente Dilma Rousseff (PT) – ficou mais complicada no dia de hoje. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, autorizou a abertura de três novos inquéritos contra o peemedebista-mor de Alagoas. Costumava chamar Calheiros - neste blog - de o enxadrista, em função da sua habilidade política, mas acho que não é exagero, em razão dos acontecimentos, também atribuir a ele o apelido de O Colecionador de Inquéritos. Ainda que seja inocentado em todos - não cabe a mim prejulgamentos - é uma verdade. Passam a ser nove.
Claro, Renan Calheiros ainda não é réu como acontece com o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), mas – pelo andar da carruagem – é uma questão de tempo.
Os petistas, obviamente, seguem – de forma bem seletiva – focados na situação de Cunha. Renan Calheiros é poupado. Afinal, é um aliado, ao menos por enquanto.
Os novos inquéritos abertos contra Calheiros também apuram o envolvimento do peemedebista na Operação Lava Jato. O ministro Teori Zavascki atende aos pedidos da Procuradoria Geral da República e da Polícia Federal.
Desta vez, Calheiros é acusado de receber R$ 1 milhão em propina, conforme delação de Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará. Ele será investigado por lavagem de dinheiro e corrupção. Para a PGR, há suspeita de repasse, "de forma oculta e disfarçada, de vantagem pecuniária indevida ao parlamentar".
Façam as contas para não perder o número de vista. Eram seis inquéritos contra Renan Calheiros. Agora, com mais três, são nove.
Que o senador se defenda – dentro do preconiza o Estado Democrático de Direito – e busque provar a sua inocência que tanto alega. Se culpado, que pague. É o que neste momento a população – ao menos maioria – tem cobrado de todos os envolvidos no esquema que ficou conhecido como Petrolão.
Digo que “ao menos maioria” porque há aqueles que estão selecionando os alvos, com os que lembram o tempo de Cunha, mas esquecem que os delatores também citam Lula (PT), a presidente Dilma Rousseff (PT) e uma série de outros políticos, incluindo o senador Aécio Neves (PSDB), e Renan Calheiros. O pau que dá em Chico tem que dá em Francisco também. Traduzindo o ditado para tempos pós-modernos da República das Bananas: o pau que dá em Luis tem que dá em Lula também.
O que se observa muito por aí é uma indignação seletiva que – no final das contas – cumpre um papel programado: o de mudar o foco, quando – na verdade – todos são dignos de estarem no foco caso queiramos mesmo passar este país a limpo.
Voltando ao senador Rena Calheiros, vale frisar: ele é investigado sob suspeitas de irregularidades em três principais frentes – como informação a Folha de São Paulo – que são: “propina em acordo da Petrobras com a categoria dos práticos (os profissionais responsáveis por orientar os comandantes de navio a atracar nos portos), propina de contratos da Transpetro (subsidiária da Petrobras) e favorecimento à empresa Serveng junto à estatal”.
Com a decisão de Teori, o caso da Serveng e o da Transpetro serão investigados em novos inquéritos. Renan Calheiros alega inocência, como das outras vezes. Bem, que decida a Justiça.
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