Mais uma vez torcedores do CSA são vítimas de abusos em abordagens policiais. Desta vez, o caso denunciado teria ocorrido após o último “Clássico das Multidões”, no domingo dia 13/03, às portas do Palácio República dos Palmares, no Centro.

As imagens mostram camisas e faixas rasgadas e queimadas por policiais. As vítimas sustentam que não estavam fazendo nada errado e que os policiais mandaram aqueles que vestiam camisetas da torcida Mancha Azul tirá-las. Posteriormente, os policiais rasgaram e queimaram estas camisas e também as faixas que os torcedores portavam, conforme imagens.

Estas imagens circulam pelo whatsapp e parecem ter sido feitas pelos próprios policiais, segundo os torcedores, da Radiopatrulha.

Diante das imagens, buscamos informações junto à assessoria de comunicação da Polícia Militar, perguntamos sobre a legalidade do procedimento, assim como se haveria alguma orientação estranha à normalidade das abordagens policiais quando se tratar de torcedor do CSA. Afinal, não é a primeira vez que torcedores são humilhados, há semanas abordamos o assunto aqui.

A assessoria respondeu que “a Polícia Militar vai adotar as medidas administrativas necessárias para apuração dos fatos evidenciados nestas fotos”.

Importante que o caso seja elucidado, não só porque se trata de reincidência, mas também porque não há – em princípio – quaisquer justificativas para abordagens desta natureza. Tem sido cada vez mais raros os crimes praticados por torcedores após jogo, principalmente quando seu time é o vencedor. Não que justifique, mas a atuação policial, aliada às campanhas pela paz, parece inaugurar um momento de menos conflitos.

Ainda assim, a torcida organizada Mancha Azul continua sendo criminalizada. Nada justifica que bens particulares, como camisetas e faixas, que não incitam crime, ódio ou violência sejam “confiscados” e destruídos sem qualquer processo legal, observância ao contraditório e à ampla defesa. Seja o que for, a propriedade deve ser respeitada.

Importante que a força policial compreenda que não é a torcida que é criminosa. De nada adianta criminalizar uma entidade que dá a muitos meninos marginalizados pela sociedade e pelo poder público o sentimento de pertencimento. Aqueles que não são assistidos pela “civilização” são recebidos como torcedores sem quaisquer restrições, ainda que “bárbaros”.

Até porque não cabe à torcida organizada escolher torcedor, mas cabe ao policial criminalizar apenas o criminoso e não uma comunidade inteira, generalizando e praticando arbitrariedades, violando direitos e garantias individuais fundamentais, não só do bandido infiltrado, mas da multidão de bons torcedores, famílias inteiras, que sustentam o futebol alagoano e o comércio que só existe por causa dos jogos nos estádios.

Como normalmente o bandido pego pela polícia e exposto à imprensa está vestindo camisa de torcida, a população começa a achar que é regra ser torcedor e bandido, mas se não começarmos a agir para descriminalizar organismos que, se orientados, podem orientar estes jovens, não conseguiremos mudar a realidade dos jovens, cada vez mais jovens, aliciados pelo crime, seremos cúmplices no comprometimento do futuro de nosso estado.