O deputado federal Cícero Almeida – que já passou pelo PP, PEN, PRTB e PSD (para citar os mais recentes) - se filiará ao PMDB. Óbvio, a filiação é prenúncio de candidatura à Prefeitura de Maceió. Ele deve trabalhar para isto. Vai contar com aliados nesta caminhada, o que é natural do jogo.

Mas política não é ciência exata. Cícero Almeida conta – hoje – com a faca e o queijo na mão, mas quando não se é o presidente da legenda na qual se ensaia uma candidatura, a faca pode ficar cega e alguém acabar vendendo o queijo. Há questões maiores – na real política – quando se desenha o caminho para uma candidatura ao Executivo.

Almeida terá adversários.

Um dos pontos principais é: ninguém é candidato de si mesmo. Logo, não basta ter um partido. É preciso também ter um grupo. Quando se tem um partido, só se negocia com toda força política quando se é um cacique neste grupo. Não sendo, sempre se ficará refém das circunstâncias mutáveis na política. Ainda mais diante de um cenário tão instável envolvendo os caciques, como é o caso do PMDB do senador Renan Calheiros. Por que instável? Ora, isto dispensa comentários.

Almeida conseguiu estar em um partido forte. Que deixa claro que vai em busca do protagonismo nas eleições de 2016. Isto é bom para ele. O que ele precisa agora é preciso ter voz de comando dentro desta legenda, buscar firmar compromissos, ganhar confiança e formar o grupo. Um grupo capitaneado pelo pré-candidato – no caso Almeida – e não pelos caciques. Caso contrário, a densidade eleitoral de Almeida será sempre objeto de barganha que pode ser rifada a qualquer momento. Natural do processo.

Cícero Almeida precisa arrancar a promessa de candidatura dos Calheiros. Até agora – como mostra a entrevista de Renan Filho concedida ao jornalista Davi Soares – não fez. Só o próprio Almeida que luta por sua candidatura, apesar do importante passo rumo ao PMDB. Caso contrário, não conquistando estes espaços, ainda que seja candidato e eleito, terá que entregar até as calças aos aliados em seu governo, estando eles – inclusive – dentro do PMDB.

Além disto,  sendo Almeida expressão popular e tendo densidade no partido, mas não sendo o cacique, corre o risco de levar uma rasteira, pois as forças adversárias podem namorar os caciques de várias formas na tentativa de tirar a expressão popular do jogo. Quem já passou por isto uma vez já deveria estar vacinado. Lembram quando Almeida tinha a faca e o queijo no PP para ser candidato ao governo? O ano era 2010. Pois é, nem a faca e nem o queijo eram deles. Daí veio o desgaste de sua relação com o PP e suas constantes mudanças de partido até aqui.

Logo, são pontos que se repetiram em eleições passadas pelo país afora e em Alagoas também. Claro que o que coloco acima são só pontuações. O deputado federal Cícero Almeida pode - e tem chances grandes - ser o candidato. Almeida pode ser o candidato e contar com o compromisso das pessoas que fazem parte do PMDB. Afinal, é um nome que tem densidade eleitoral.

Mas, em entrevista ao jornalista Davi Soares, o governador Renan Filho disse o seguinte a respeito da entrada de Almeida no PMDB: “Não está definido ainda. Mas conversei com o Almeida hoje e amanhã vou à Brasília para reunião de governadores e para conversar com o presidente Renan para definirmos”. Está nas mãos do senador Renan Calheiros (PMDB), o presidente do Congresso Nacional.

Por enquanto, a decisão de Almeida o ajuda na Justiça Eleitoral, no caso: o processo que pede a cassação de seu mandato. Está em um partido mais forte para esta luta e ao lado dos mais influentes. A candidatura é uma possibilidade real, mas há muita estrada ainda...

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