Atualmente, José Thomaz Nonô (Democratas) é titular da pasta da Saúde do município de Maceió. Porém, possui uma vasta experiência política em Brasília (DF). Antes de ser vice-governador do Estado, na gestão do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), Nonô acumulou mandatos de deputado federal; e sempre no campo da oposição ao Partido dos Trabalhadores.

Recentemente, Nonô trouxe a público – por meio de suas redes sociais – uma análise interessante sobre a proposta de parlamentarismo que já começa a ser discutida no Brasil. Não se trata nem do significado do parlamentarismo em si, mas do oportunismo do debate numa tentativa de “entregar os anéis e salvar os dedos”. Isto, por parte dos partidos que estão envolvidos na Operação Lava Jato.

O fato é que o país será passado a limpo pela operação da Polícia Federal. Ainda há muita coisa para acontecer. Natural que quem se apegue ao poder queira fazer de tudo para lá continuar, até mesmo mudar as regras do jogo ou da pátria com o objetivo de se salvar. No fisiologismo brasileiro, a arte que o PMDB domina, até a mudança de sistema político pode ser cogitada.

É aí que entra a análise de Nonô logo após as manifestações de domingo. “As manifestações de ontem demonstraram claramente que o governo não tem a menor condição de funcionar. Há quem pergunte inclusive se há governo, porque a estratégia da presidente Dilma Rouseff hoje é tão somente encontrar maneiras, quaisquer maneiras, de se manter na função”, coloca o secretário.

De fato, é isto. As conseqüências são drásticas. Como coloca o secretário de Saúde, “o país derrete, a situação financeira se agrava, os postos de trabalho estão sumindo, o ânimo nacional é o pior possível, o espaço do Brasil no cenário internacional míngua, enfim, é necessário que todos os que interagem nesse processo encontrem uma solução dentro do menor espaço de tempo possível”.

Ora, diante deste cenário não há o que discutir. Só há solução se o governo mudar. Dilma Rousseff perdeu a legitimidade. Todo governo – estadual, municipal ou federal – deve ser vigiado pela sociedade. Os eventuais casos de corrupção deste governo (e – consequentemente – corruptos e corruptores) ser combatidos. O problema é que, neste governo federal do PT, não são eventuais casos de corrupção. Tem-se uma corrupção sistemática como forma de manutenção de poder, compra de alianças, fortalecimento do partido em processos eleitorais e enriquecimento ilícito de petistas e aliados. Estas suspeitas recaem até sobre o maior nome do PT, que é o senhor Luis Inácio Lula da Silva, com fortes indícios de ser ele o chefe da quadrilha.

Espanta-me que Nonô, com a experiência que tem, não ter tocado neste ponto e deixado esta informação explícita.  Não adianta nenhuma união com o PT no poder, porque o núcleo do partido sempre vai sabotar – e usar todas as armas, inclusive a militância – qualquer projeto neste sentido para manter o seu próprio projeto hegemônico de poder. A visão que o PT tem de democracia não é aquela que um verdadeiro republicano ou um democrata possui. Quando falo democrata, não estou falando de filiados ao Democratas. Falo de quem defende democracia independente de partido. Só para deixar claro.

É por esta razão, que Nonô – a meu ver – acerta ao falar que “o Congresso Nacional não pode estar discutindo meia-sola. As sugestões que parecem ser oferecidas são absolutamente inadequadas”.

“Eu, por exemplo, a minha vida inteira fui parlamentarista, se querem implantar o parlamentarismo que seja um parlamentarismo verdadeiro, e não uma maneira elegante do PMDB e de outros partidos que até então apoiaram a Dilma encontrem uma via para se manterem no poder. Essas soluções pela metade, casuísticas, menores, não resolverão os graves problemas nacionais. A população demonstra impaciência, demonstra sua insatisfação de forma eloquente e é preciso que os políticos vejam o que podem fazer para assegurar ao Brasil um reencontro de um rumo que leve ao desenvolvimento, à criação de empregos, enfim, à geração de riqueza e renda, que é tudo que o brasileiro almeja”, complementa.

Concordo com o secretário de Saúde, mas repito: espanta-me ele não ser mais explícito ao mostrar os porquês de sua análise. Nonô é inteligente, sabe porque o governo de Dilma acabou. Digamos isto com todas as letras. Nesse pacto em busca da saída, a expressão “todos os envolvidos no processo” cabe o PT que aí se encontra? Creio que não!

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