Vejam só,  o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) já é réu em função das denúncias contra ele na Operação Lava Jato. Agora, Cunha terá que enfrentar as consequências políticas disto – o que pode lhe custar a presidência da Casa e até o cargo de parlamentar – e as jurídicas. Terá que se defender dentro do que preconiza o Estado Democrático de Direito. Vale a máxima: quem for podre, que se quebre.

Não cabe a mim o pré-julgamento, mas é óbvio que diante dos indícios contra Cunha, não seria diferente. Acertou o Supremo Tribunal Federal ao tornar Cunha réu, sendo célere na apreciação da denúncia. Agora, falemos de outro presidente: o do Congresso Nacional, o senador Renan Calheiros (PMDB). O STF precisa também apreciar as denúncias contra o peemedebista-mor de Alagoas.

Ora, o que não pode são os processos contra Cunha andarem de Ferrari, enquanto os contra Renan Calheiros andam de carroça.  É de se pedir que a lei seja igual para todos. O que cabe aos Chicos da vida, também deve caber aos Franciscos.

Se Calheiros é alvo de seis inquéritos, pode agora chegar ao sétimo. Dizem que sete é a conta do mentiroso, mas esta é uma verdade que assusta. O presidente do Congresso Nacional é denunciado sete vezes na suprema Corte do país em função dos desdobramentos da Lava Jato. Tudo isto para não citar o processo contra ele que é reflexo dos escândalos do ano de 2007. Não é possível que nada disso não ande.

É bom andar até mesmo para que se dê a oportunidade de Renan Calheiros mostrar que é inocente, como ele mesmo apregoa nas entrevistas. Afinal, determinar culpa ou inocência é a função dos ministros diante do que possuem em mãos. Creio eu que a Procuradoria Geral da República – o Ministério Público Federal – não ofertaria denúncias sem os indícios necessários.

Em relação ao novo pedido encaminhado ao Supremo Tribunal Federal para a abertura de inquérito, foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e será analisado pelo relator da Lava Jato, o ministro Teori Zavascki.

A PGR quer saber se Renan Calheiros cometeu crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em razão de suspeitas apontadas pelo delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará. O presidente do Senado – por meio de sua assessoria – reitera a inocência. Diz que é “zero a chance de ter participado ou cometido irregularidades”.

Renan Calheiros "reafirma também que não conhece a pessoa mencionada como Ceará". Nega também conhecer o doleiro Alberto Yousseff. Na delação de Ceará, é dito que "houve um movimento no Congresso Nacional para instalação de uma CPI da Petrobras" e que – por isto - Alberto Yousseff daria R$ 2 milhões a Renan para evitar a instalação.

O  delator disse ainda que, entre janeiro e fevereiro de 2014, Youssef pediu a ele para pegar R$ 1 milhão em Recife (PE) e levar para Renan em Maceió. O dinheiro seria oriundo de uma dívida da construtora Camargo Corrêa com Youssef.

O dinheiro – ainda segundo o delator – foi entregue a um “homem elegante”  em um hotel localizado em Maceió. Este mesmo homem já havia recebido quantia na cidade de Curitiba. Há detalhes na delação em relação ao dinheiro entregue. O novo pedido de inquérito contra Renan Calheiros tem quase duas mil páginas.

Então, não percam a conta: são seis inquéritos na Lava Jato que investigam Renan Calheiros, mais um inquérito agora e o pedido de investigação oriundo dos escândalos de 2007.  Este inquérito – já aberto – foi denunciado em 2013, mas – o STF – não decidiu se Calheiros vai virar réu ou não. 

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