Na semana passada, indaguei o deputado federal Maurício Quintella Lessa (PR) sobre o voto dele no Conselho de Ética da Câmara de Deputados, que se deu em favor do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB).

O voto do PR não foi suficiente. Cunha perdeu na Comissão de Ética por 11 a 10. Todavia, não se esperava que Quintella votasse favorável ao presidente da Câmara. Eduardo Cunha está enrolado como réu em um dos processos da Operação Lava Jato. 

O deputado federal alagoano – por sua vez – diz que apenas representou a vontade de um colega de seu partido, que não pode comparecer ao Conselho por se encontrar doente.

Quem acompanha o blog sabe que Quintella falou o seguinte: “eu não faço parte do Conselho de Ética. O deputado do meu partido estava doente, mas fazia questão de registrar o voto dele. Eu levei o voto por escrito, mas o Conselho não acatou. Como líder, eu tinha a obrigação de fazer valer o voto do deputado do PR”.

Em conversa comigo, Quintella ainda frisou que só dará o voto dele – conforme as próprias convicções – quando o processo chegar ao plenário. Classificou ainda o voto dado na Comissão de Ética como “uma missão dolorosa” para respeitar a vontade de quem era o titular da Comissão, o deputado federal Vinícius Gurgel (PR).

Portanto, conforme Quintella, cumpriu uma missão enquanto líder.

Eis que agora surge uma informação preocupante em relação ao caso. A tentativa de enterrar o processo contra Cunha – que deu errado! – contou com um documento com assinatura falsificada, segundo o jornal Folha de São Paulo. Alguém teria falsificado a assinatura de Vinícius Gurgel. Independente do resultado da votação, é um fato grave.

A Folha afirma que a falsificação é “grosseira” e “primária”. A análise foi feita pelo Instituto Del Picchia. Gurgel é aliado de Cunha. Seu voto era tido como favorável ao presidente da Câmara, mas ele estava fora de Brasília no dia da votação. Como era um processo acirrado, não se poderia dispensar o voto.

Por isto, foi apresentada uma carta de renúncia assinada por Vinícius Gurgel e entregue ao Conselho  pelo líder do PR, Maurício Quintella Lessa. Foi o alagoano que ocupou a vaga e votou.

Em entrevista à Folha de São Paulo, Vinícius Gurgel diz que deixou várias cartas de renúncias assinada em seu gabinete. Disse ele que, algumas das assinaturas pode ter saído tremida em função de uma “ressaca”. Ressaltou ainda que, o voto que seria dele e foi dado por Quintella não alterou o resultado final.

“A assinatura é minha. Acho que eu tinha bebido muito na noite anterior”, disse Gurgel, em entrevista à Folha. O detalhe é que o deputado federal bebeu muito para quem estava doente, conforme a versão dada por Maurício Quintella sobre a sua ausência.  O fato é que – doente ou bêbado – Gurgel afirma que a assinatura é realmente sua, apesar dos questionamentos da Folha.

Quintella ao comentar o assunto – ainda em entrevista à Folha – disse que recebeu a carta de renúncia diretamente da assessoria do colega parlamentar. Maurício Quintella Lessa nega ainda que tenha sofrido interferência de Eduardo Cunha. No mais, frisou que qualquer questionamento sobre a autenticidade da assinatura deve ser feita a Gurgel.

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