No dia de ontem, 16, parcela da imprensa - incluindo o site CadaMinuto - trouxe matéria em que continha a declaração do secretário chefe do Gabinete Civil, Fábio Farias, afirmando que havia um acordo para fechar o reajuste dos duodécimos dos poderes - incluindo o Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas do Estado de Alagoas - em 3,4%.
Hoje, as falas do secretário vão no sentido de que não disse que havia um acordo já em relação ao percentual. Em entrevista ao blogueiro Edivaldo Júnior (em boa matéria trazida por Edivaldo sobre assunto, inclusive mostrando o que querem de reajuste os demais poderes) - na Gazetaweb - o titular do Gabinete Civil já diz o seguinte: “Na verdade, explicamos aos representantes dos outros poderes que o Estado, diante da crise, não pode dar um reajuste maior do que 3,45%, como já está na proposta encaminhada à ALE, desde setembro de 2015”. E explica que não há acordo.
Bem, não sei o que fez o secretário voltar atrás e rever a sua declaração. Mas, não foi a imprensa que errou. Ele de fato afirmou que a situação já estava apaziguada.
Talvez até tenha se equivocado ao falar com os jornalistas na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas e acabou afirmando o que não queria. Uma possibilidade. Acontece. Porém, afirmou. O que a Tribuna Independente e o CadaMinuto trouxeram são as falas de Fábio Farias tal qual como foram ditas. Digo isto com total tranquilidade por possuir o áudio da coletiva improvisada que Farias concedeu.
Fábio Farias foi abordado com a seguinte pergunta - feita pelo jornalista Jonathas Maresia (Gazetaweb): “no reajuste, como ficou a questão dos duodécimos? A peça (orçamentária) que o senhor trouxe garante o que para cada poder?”
“O orçamento já foi apresentado a ALE no ano passado. A peça orçamentária. A previsão de reajuste do duodécimo é de 3,4% para todos os poderes. Isto já num esforço hercúleo do governo”, respondeu o secretário.
O jornalista Jonathas Maresia ainda é enfático na pergunta: “Então, desculpe interromper, mas o acordo ficou esse, porque eles (os demais poderes) queriam mais…”. Fábio Farias complementa: “Exatamente. (ficou) 3,4% uniforme”.
O secretário ainda foi abordado mais uma vez: “Então, isto é que ficou acordado?”. Farias responde mais uma vez: “Isto foi acordado. Foi conversado com os poderes. Eles estão colaborando. Lógico que há dificuldade em todos os poderes, mas a dificuldade ela é geral. Como se apresenta de forma geral, não dá para tratar de forma diferente”.
Eis o diálogo na íntegra em relação ao assunto “duodécimos”.
A questão é que a imprensa cumpriu o seu papel ao confrontar a declaração com os demais poderes para confirmá-la.
Os jornalistas que lá estavam procuraram os chefes de poderes. Estes - como mostram os jornais - negaram a existência de um acordo em relação a este percentual.
Tanto é assim que - acertadamente - a Tribuna Independente, em sua matéria, assinada por Andrezza Tavares, traz a fala do presidente do Tribunal de Justiça, Washington Luiz, e do Tribunal de Contas do Estado, Otávio Lessa, afirmando que seus órgãos possuem despesas e que precisam de mais que os 3,4%. As falas deles estão depois de um intertítulo no qual se lê: “discordância”.
Sim. É isso: há uma diferença de visões entre o Executivo e pelo menos o Judiciário e o Tribunal de Contas. O que mostra que a questão não se encontra tão acordada assim.
O TJ pediu 15%, mas aceita fechar em 8%. O TCE quer 10%. O Poder Legislativo vai em busca de um reajuste de 10%. A crise é forte. E o Executivo vai precisar trabalhar muito para convencer os demais poderes das necessidades dos cortes lineares.
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