Quatro deputados trocam de partido pela janela partidária eleitoreira

11/02/2016 17:53 - Geral
Por Davi Soares
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De olho na abertura da possibilidade de troca de partidos políticos, sem risco de perda de mandato por infidelidade partidária, alguns parlamentares alagoanos já definiram seus rumos. A oportunidade chamada de “janela partidária” é parte da Proposta de Emenda Constitucional para a Reforma Política, cujo artigo que dá 30 dias para deputados estaduais, federais e vereadores mudarem de partido foi aprovada em 9 de dezembro de 2015 e será promulgada na próxima quinta-feira (18), pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB).

Pelo menos quatro deputados estaduais alagoanos já definiram seus rumos partidários. São eles: o líder governista Ronaldo Medeiros (PT), Sérgio Toledo (PDT), Edval Gaia Filho (PSDB) e Davi Davino Filho (PSB). Todos visam a ampliação de suas bases nas eleições municipais de 2016, para que cheguem até o pleito de 2018 com o que costumam chamar de “musculatura eleitoral”.  

Problema local

Depois de um histórico de atuação no Partido dos Trabalhadores (PT), do qual renunciou a posição de vice-presidente em 2015, Ronaldo Medeiros ainda avalia se ingressa no PMDB do governador Renan Filho ou no PDT do deputado federal e ex-governador Ronaldo Lessa. Medeiros estaria descontente com a mudança do perfil do PT. Mas se engana quem acha que o escândalo do petrolão é o principal motivo do desestímulo. Uma fonte da Executiva Estadual do PT afirma que Medeiros deixará de ser petista por causa da falta de diálogo e de debates internos sobre os rumos da sigla em Alagoas.

Medeiros é líder do governo de Renan Filho e atuou como bombeiro e articulador de uma bancada governista que iniciou 2015 pequena e seletiva, e chega a 2016 com mais adesões e menos rebeldia.

Pensando alto

Entre os parlamentares que trocam de partido na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Sérgio Toledo talvez seja o mais ambicioso e estrategista. O deputado deve ingressar no PSC, partido que comanda informalmente, desde que emplacou seu chefe de gabinete Maurício Cavalcante Bugarim na presidência da agremiação partidária em setembro do ano passado (Leia mais aqui). Sérgio Toledo deixa o PDT com o aval do pedetista Ronaldo Lessa. E tem planos para se lançar candidato a deputado federal e 2018.

Um olho na Prefeitura, outro no parlamento

O deputado Edval Gaia Filho deixa o partido tucano, do qual foi líder governista de Teotonio Vilela Filho (PSDB) durante entre em parte do primeiro e no segundo mandatos. Deve ingressar no DEM, que faz parte da base de apoio do prefeito de Palmeira dos Índios, James Ribeiro (PSDB).

A jogada, segundo uma fonte tucana, é garantir que Gaia Filho seja uma espécie de coringa na disputa pela sucessão em Palmeira, após o grupo de James experimentar os secretários Luiz Lobo, da Educação; Rodrigo Gaia, da Infraestrutura; Antônio Fonseca, da Articulação Política; e Verônica Medeiros, de Governo, na disputa pela Prefeitura de Palmeira. Se Gaia Filho vencer, James Ribeiro deve alçar novos voos em 2018, na Assembleia Legislativa, ou na Câmara Federal.

Os tucanos locais nutrem antipatia pela decisão de Vilela de lançar o vereador Julio Cezar, hoje no PSB, como candidato tucano a governador em 2016. O deputado tucano e seu cunhado prefeito, criticam Téo Vilela por terem turbinado Julio Cezar como liderança oposicionista local de James Ribeiro. O vereador do PSB será candidato a prefeito. E o mal estar pode ser solucionado com o embate de Gaia Filho, no DEM, contra Julio. Uma guerra contra aquele que foi ex-assessor parlamentar do deputado e ex-líder governista do prefeito.

Vestindo a camisa do governo

Outro nome que aproveita a janela partidária é o deputado estadual Davi Davino Filho, que deixa o PSB, que o elegeu para este primeiro mandato em 2014, para ingressar no PMDB do governador Renan Filho. Assim, deve oficializar o perfil governista com que atuou em 2015.

E é assim que a política partidária, com a ajuda da retórica vazia do Congresso Nacional, mantém sua característica cada vez mais motivada por interesses pessoais, onde as regras são cada vez mais maleáveis e indicam para o eleitor que ele não deve se importar com quem não é fiel a compromissos – partidários ou não.

Pela fresta da já entreaberta janela eleitoral, o Congresso voltou a relegar o Direito Eleitoral à mesquinharia eleitoreira. E a reforma política ficou ainda mais distante, com a reconfiguração da representatividade partidária nas casas legislativas, sem a participação do povo, tratado como “mero eleitor”.

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