Tronou-se moda querer destruir a reputação de alguém simplesmente por esta pessoa pensar diferente. Eis algo a se repudiar e que vem sendo prática no Brasil, sobretudo para os que enxergam um “vale-tudo” na política e trabalham com esta como mera atividade para ocupar espaços e fazer impor seus desejos e vontades. Ou ainda: pelos subservientes às estratégias partidárias ou visões ideológicas que desprezam fontes primárias.
Há gente assim em todos os lados. Devemos fugir delas e recuperar o sentido nobre da palavra política, que aponta para as discussões com base em argumentos, respeitando as fontes primárias e trazendo ao público divergências para estes formem seus juízos de valor a partir do que ouvem.
Isto vem acontecendo em relação ao Projeto de Lei Escola Livre que se encontra nas mãos do governador Renan Filho (PMDB) para ser vetado ou aprovado. A decisão é do governador. Alguns governistas - como é o caso do secretário Luciano Barbosa (PMDB) - emitiu um parecer com sua visão do projeto. O parecer de Barbosa - em minha opinião - é falho e exagerado. Compara o projeto com uma “inquisição” e foge assim - repito - à fonte primária.
Mas, não ataco Barbosa por isto. Ele - ao meu ver - tem sua convicção formada. Eu discordo da convicção dele. Porém, reconheço que ao menos se propôs ao debate ao receber movimentos que pensam contrário a ele. Os movimentos sociais - como o Vem Pra Rua - puderam expor seus pontos de vistas.
O deputado federal Paulão (PT) também é contrário a lei. Por motivos que já expus no blog, eu sou contrário a Paulão. Alguns me indagaram se eu escreveria sobre Paulão pelo fato dele prestar apoio a campos políticos que pensam como ele. Já Bruno Toledo (PSDB) é favorável. Eis o que penso:
1) O deputado federal Paulão ajudou ao Sinteal na articulação de reunião com o Gabinete Civil para argumentar contra o projeto, recomendando veto ao Governador Renan Filho.
Com base nisto, cobraram de mim que comentasse o fato! Eu não! Acho legítimo o Paulão ter a opinião dele e trabalhar politicamente com o lado que comunga de suas convicções. É legítimo da política. É uma atividade meio e não fim. O que eu acho é que os argumentos de Paulão (e dos demais) falhos. E sobre o mérito quem buscar no google Blog do Vilar e Escola Livre (mesmo hoje sabendo que os que pesquisam são poucos, mas os que opinião são muitos) vai encontrar a quantidade de vezes que entro no mérito. Fico com os meus argumento e não com os do parlamentar. É a democracia. Um lado vai prevalecer. Pode não ser o meu. É a democracia.
2) O deputado estadual Bruno Toledo (PSDB) é favorável ao projeto Escola Livre. Ele se predispôs a ajudar em articulações para interlocução de ideias do outro lado. Como ontem, houve reunião destes movimentos com Luciano Barbosa, que apesar de ter sua posição recebeu o movimento, que sequer precisou de Bruno Toledo para isto.
Ora, também não comentei o fato. Porque acho legítima a reunião com Barbosa, como acho legítimo que o movimento tenha o apoio de Toledo porque ele é livre para apoiar quem quiser; tem direito - em uma democracia - a suas opiniões.
Dentro deste contexto, neste assunto eu concordo em mérito com Bruno Toledo. Nunca escondi.
Democracia é isto: divergências e exposições de argumentos no campo das ideias. Lamento se alguns enxergam a atividade da política como um fim em si, onde vale tudo para fazer prevalecer um lado. Eu não tenho este espírito. Respeito pluralidade e democracia. Pra mim, há valores que são caros demais.
Eu não vou atacar pessoas por conta delas divergirem de mim. Espero que seja assim para com todos, mas só posso falar da minha posição que - mesmo sendo favorável ao projeto - abri espaço para que todos os lados da questão conversassem com a sociedade em meu programa de rádio (o Manhã da Globo, na Rádio Globo AM 710).
Nestes dias passados, ligaram pessoas para o programa sendo favoráveis e contrárias ao Escola Livre. Logo, alguns afirmando que estou certo e outros que estou errado. É um direito dos ouvintes. E estes sempre terão o espaço enquanto o programa for conduzindo por mim. De forma muito franca e honesta. Quem quiser que parta pra as adjetivações e ataques. Eu fico neste campo que falo aqui.
Lamento que joguemos a democracia na janela. E isto é feito pelos que se acreditam sempre certos, os salvadores da pátria e monopolizadores de virtudes. Eu apenas lamento.
Estou no twitter: @lulavilar