De acordo com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), a grave situação do cemitério Divina Pastora - flagrada no dia de ontem, 19 - pelo Ministério Público Estadual (MPE) com base em denúncias feitas por funcionários e pela direção do Instituto Médico Legal, é “fruto da negligência histórica das gestões passadas com os cemitérios de Maceió”.
No dia de ontem, 19, o Ministério Público - como acompanhou o CadaMinuto - flagrou ossadas expostas, superlotação para o sepultamento dos corpos de indigentes, dentre outras irregularidades.
Além disto, o MPE - nas denúncias - receberam fotografias de cadáveres de indigentes sendo devorados por urubus, por terem sido enterrados em covas rasas. As fotos são chocantes. O Ministério Público Estadual cobrou da Prefeitura Municipal de Maceió uma resposta em relação ao caso.
Por conta da situação de superlotação - por exemplo - os corpos de indigentes que se encontram no Instituto Médico Legal. Sem ter espaço para os sepultamentos, os corpos se acumulam no Instituto. Alguns em estado de decomposição. Na tarde de ontem, a Diretoria de Cemitérios - da Superintendência Municipal de Controle e Convívio Urbano - se reuniria para discutir o assunto.
Eis o que fala o prefeito quando indagado sobre o assunto:
“Nós temos um problema crônico. É histórico o problema em relação aos cemitérios públicos de Maceió. Eles foram negligenciados. Todos eles estão lotados. Tomamos medidas em relação ao São José. Suspendemos os sepultamentos durante 90 dias, na época. Estamos construindo um ossário e a nossa ideia é que consigamos abrir novas vagas nos cemitérios”.
De acordo com Palmeira, estão sendo feitas parcerias com a iniciativa privada para “buscar soluções definitivas”. “Queremos um caminho definitivo para sanar estes problemas que enfrentam os cemitérios de Maceió”.
Torço para que assim seja. Precisamos mesmo solucionar o problema histórico dos cemitérios que não é culpa apenas da atual administração. Mas chamo atenção para um ponto: o erro do prefeito ao não analisar de forma separada o Divina Pastora e colocar tudo no mesmo bolo.
A preocupação do prefeito se dá em relação ao problema de forma global. Todavia, é preciso atentar para que há um ponto específico em relação ao Divina Pastora. Não se trata apenas - no caso daquele cemitério que fica em Rio Novo - de uma superlotação. O caso é bem pior e bem mais grave. Se trata de vilipêndio dos cadáveres por estes serem corpos de indigentes.
Eles são enterrados - como mostra o Ministério Público Estadual (inclusive com fotos) - em covas rasas. Em pouco tempo, os corpos ficam expostos a céu aberto e são devorados por urubus (como também é mostrado em fotos). Ossadas humanas foram queimadas junto com lixo, simplesmente por serem de indigentes. Ou seja: há práticas absurdas - inclusive com impacto no meio ambiente - adotadas pela direção daquele cemitério.
Então, é preciso que o prefeito não trate este problema como semelhante aos demais cemitérios da cidade. Não é! É preciso que a SMCCU - que é onde se encontra a Diretoria de Cemitérios de Maceió - responda por isto e dê uma solução imediata para a questão, pois corpos de indigentes estão se avolumando no Instituto Médico Legal (IML).
Erra o prefeito quando é indagado sobre a situação do cemitério Divina Pastora e responde de forma genérica. Erra a Prefeitura de Maceió que não deu ao problema a devida atenção, pois - como o nome do prefeito não foi tocado na imprensa - parece que apenas o Ministério Público Estadual e o IML se atentaram para a gravidade do problema. Que o órgão ministerial abra investigações sobre o que acontece no Divina Pastora e o trate da forma como merece: um cemitério horripilantemente atípico entre os de Maceió, talvez até do Brasil.
Urubus devorando cadáveres expostos em cemitério público que deveria sepultá-los não é apenas uma questão de superlotação ou “negligência histórica” como afirma o prefeito. É de competência da Superintendência Municipal de Controle e Convívio Urbano falar sobre o assunto e resolver o quanto antes. Assunto este que só se tornou público graças ao Ministério Público, pois duvido que os responsáveis pelos cemitérios não soubessem. Sabiam sim, mas eram indigentes…e sem nome, os corpos eram tratados como se antes também não tivessem almas.
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