Bem, quem acompanha as declarações e as postagens do senador Fernando Collor de Mello (PTB) - inclusive em sua última nota de defesa - percebe que o petebista tem reclamado muito da forma como a mídia tem explorado fatos recentes, incluindo a Operação Lava Jato, nos quais seu nome aparece.

Collor tem reclamado que estão dando atenção demais a extratos de delações premiadas - são várias - em que ele é citado, inclusive já atacou muito a posição da Procuradoria Geral da República ao ter como alvo o procurador-geral Rodrigo Janot.

Se Collor é inocente ou culpado, bem não cabe a mim prejulgamentos, mas sim o apresentar dos fatos, incluindo os trechos das delações em que é citado. Afinal, a Operação Lava Jato se tornou um fato de extrema importância para o país. A minha função é a de muitos jornalistas. 

Quanto a Collor ser culpado ou inocente do que lhe apontam, isto será com a Justiça, que deve ter autorizado quebra de sigilo, abertura de inquérito, por  haver indícios. O fato é que Fernando Collor de Mello é investigado e apontado, por delatores, como um dos que se beneficiaram no esquema do Petrolão.

Figura na lista dos políticos denunciados, assim como os outros dois senadores alagoanos: Renan Calheiros (PMDB) - que preside o Congresso Nacional - e Benedito de Lira (PP). Obviamente - e defendo isto sempre! - Collor tem direito ampla defesa, ao contraditório e a tudo aquilo que preconiza o Estado Democrático de Direito. Como todos possuem. 

Todavia, como homem público - e um dos principais personagens da recente história política do país - seu nome é notícia. Ainda mais quando surge ligado a possível envolvimento em um escândalo de corrupção anos depois de ter deixado a presidência da República como deixou. Se isto não é relevante para ser notícia, não sei mais o que seja.

Collor não vem sendo mais “alvo” de matérias que Renan Calheiros, Luis Inácio Lula da Silva (PT) e a atual presidente Dilma Rousseff (PT), dentre tanto outros. Alguns até que já foram condenados pelo que aponta a Operação Lava Jato e por isto a ação da PF ganha credibilidade junto à opinião pública: por seus resultados. É um momento crítico de nossa República onde - não só os homens! - as instituições estão sendo colocadas em xeque e a democracia, a cada dia, se mostra mais frágil. 

No entanto, mesmo diante deste contexto, Fernando Collor publicou um pequeno texto em suas redes sociais em que diz fazer um “paralelo histórico e curioso com os fatos da atualidade”. Escreve Collor: “um dos princípios mais aplicados pelo obscuro Joseph Goebbels, o propagandista de Hitler, era o da "vulgarização", ou seja, convertia tudo numa coisa torpe e de má índole. Isto combinado com outro, que zelava pelo exagero e desfiguração das notícias até transforma-las em delito. Por fim, lustrava tudo com um dos seus enunciados favoritos: a ocultação de toda a informação que não fosse convincente”.

Collor teve suas notas de defesa divulgadas na íntegra em jornais. Expõe sua versão sempre que é citado. E é um direito dele que não pode ser negado. Erra o jornalista que não buscar ouví-lo sobre os fatos. Uma máquina propagandista que ele cita - caso se refira a parcela da imprensa - jamais permitiria isto. Quanto a outra parcela, está nas mãos de seus aliados. Collor sabe disto. Mas eis que indago: Collor publica este texto por que se acha vítima da máquina da propaganda nazista? E esta seria a imprensa por meio da divulgação seletiva dos fatos?

Quem é esta máquina? A Globo? Os demais veículos de comunicação? A Procuradoria Geral da República? O Judiciário ao autorizar as investigações e a Operação? A Polícia Federal que vazaria declarações no intuito de antigir Collor? Collor fala só de si ou enxerga tudo isto em relação aos demais citados também? Que Collor aprofunde o seu “paralelo histórico e curioso com os fatos da atualidade”.

Eu acho que há um paralelo sim com a prática da propaganda nazi-fascista. Mas não atinge Collor, pois tem outros objetivos, que é manter a imagem dos “pais dos pobres” de quem mais se beneficiou com tanta corrupção e fisiologismo.

Quem for procurar nos livros de história (de preferência os que não são chancelados pelo MEC) vai observar que uma das práticas é “mentir repetidamente até se fazer verdade”. Isto se faz por meio de “blogs sujos”, os “robôs” virtuais patrocinado, o uso das verbas públicas publicitárias para influir em linhas editoriais, a tentativa de chantagear as instituições do Estado Democrático, o aparelhamento destas mesmas instituições de forma a distorcer a versão e a condução dos fatos, a busca por criar um ambiente do “nós contra eles”, onde toda crítica ao governo (e seus pares) seja vista como “fascismo”, “luta de classes”, ou as brigas dicotômicas das estratégias de poder (como se quem criticasse um lado já pertencesse imediatamente a outro) e por aí vai…

Não por acaso este blogueiro virou “elite de olhos azuis” sem ter a mesma gorda conta bancária dos operários petistas que detém mandato ou foram parar na cadeia. 

Ao que me consta, Collor não é vítima disto. Mas se conversar de forma aprofundada com muitos dos seus aliados políticos vai entender quem de fato pratica este processo que se aproxima da máquina de publicidade nazista. Fernando Collor de Mello é alvo de algumas críticas em função de comportamentos e de cobranças em função das informações que são divulgadas, sendo ele uma figura pública…Pode - dentro deste contexto - ser vítima de exageros? Ora, quem não pode. Pode sim. A imprensa erra, exagera, se submete a ideologizações e acaba a aderir a tendências ao invés de fatos…por isto é necessário se criticar sempre esta instituição

Mas está longe de haver uma máquina de propaganda deste porte para trucidar Fernando Collor de Mello ou seus aliados. Menos senador, bem menos…

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