Anotem esta frase do governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB): “Colocar culpa na crise é fácil”.

Por que digo isto? Bem, diante do cenário de dificuldades que é apresentados para o ano de 2016, é provável que, mais uma vez, tenhamos forte queda no Produto Interno Bruto (PIB) e inflação acima da meta, queda do Fundo de Participação Estadual (FPE). E aí, a crise será um assunto permanente.

Enfim, fatores que vão imprensando os chefes do Executivo estaduais contra a parede e dificultando as ações, sobretudo pelo modelo de pacto federativo  do país e por Alagoas ser tão dependente do governo federal. Uma questão histórica. Requer uma discussão profunda com perspectivas de mudanças de modelo de Estado para médio e longo prazo. Não apenas no curto.

Nisto a crise pode ser oportunidade.

Há coisas que são culpas de uma crise sim, mas por trás de uma crise há pessoas e decisões e estas não podem ser dissociadas de suas culpas ou dolos. Como culpar uma crise é algo abstrato, é preciso deixar claro como entramos nesse momento difícil em função de uma matriz econômica do governo federal que ampliou os gastos públicos, não soube aproveitar o cenário da alta da commodities, a crença no almoço gráficos, os escândalos de corrupção, enfim…e aí a começa a se encontra os culpados frutos desta mentalidade intervencionista que domina o pensamento político e econômico do país. 

Por isso vivo indicado a escola austríaca para os nossos governantes. Mises e Friedman precisam ser visitados.

Nossos governantes estaduais quando aliados do governo federal e pela dependência político-administrativa deixam de fazer algumas reflexões necessárias.

Se nada for feito, a crise política e econômica do país vai se aprofundando. O excesso de regulação estatal vai sempre ser vista como a saída sem ser.  O Estado seguirá sendo este senhor obeso a ser posto nas costas do contribuinte. E aí, não se trata ser fácil ou difícil, mas será natural que muita coisa seja culpa da crise econômica, como o próprio governador reconhece ao falar do momento difícil. E esta crise é plantada e cultivada por esta mentalidade intervencionista que hoje toma conta do governo federal.

Todavia, em um ponto, o governador Renan Filho está correto: é preciso arregaçar as mangas e ir buscar alternativas para fomentar o empreendedorismo e fortalecer o setor produtivo, sobretudo serviços, que é quem mais gera empregos em Alagoas.

Neste ponto, uma visão positiva também de Renan Filho: nosso mercado (comércio) ainda não se encontra saturado e pode ter expansão mesmo diante doe cenário hostil. Quando o chefe do Executivo aponta para a diversidade econômico, acerta. 

Da mesma forma quando fala da necessidade de gastar menos. “Gastar mais é o que todo mundo quer. É fácil, mas é preciso fazer cortes e hoje vejo alguns governos - diante da crise econômica - tomando medidas que nós, aqui em Alagoas, tomamos lá atrás”.

“Alagoas enfrenta a crise com altivez. Nós estamos na rua. Ontem eu fiz um balanço interno administrativo. Colocar a culpa na crise é fácil, mas temos que fazer o que pudermos neste cenário e crise, colocando o recurso público onde é mais importante”. O discurso está correto. Que se traduza em ações.

Declarações

O governador classificou a crise como “grave”. “Estamos trabalhando para que dissipando o cenário de crise o Estado possa crescer e por isto estamos diversificando a economia com cadeias de diversos segmentos, como a do setor moveleiro”.

“Temos boas vertentes de diversificação da indústria e estamos trabalhando - em outra frente - que é a diversificação da agricultura, nos utilizando do Canal do Sertão para a inclusão produtiva em diversas cidades”, complementou Renan Filho.

Sobre a queda de arrecadação e a crise, o governador disse que as medidas tomadas pelo governo - em 2015 - foram responsáveis para estarmos diferentes daqueles que, nas palavras de Renan Filho, “já sucumbiram diante da situação atual do país”.

“Minas Gerais não pagou o salário de dezembro, já aconteceu com Sergipe e Rio de Janeiro. Rio Grande do Sul é um dos mais conhecidos casos. São estados ricos com extrema dificuldade. Esta dificuldade não é diferente em Alagoas. Nós também estamos tendo, mas lá atrás fizemos a tarefa de casa que nos permitiu enfrentar 2015: cortamos secretarias, cargos comissionados e revimos contratos. Quando eu vi o governador do Rio de Janeiro falando em rever preços de aluguel e licitações, foi que passou um filme na minha cabeça”.

Renan Filho - quase um recado para o governo federal do qual é aliado - chamou atenção para o erro de aumento dos gastos públicos neste momento. “As pessoas não gostam de corte. Elas gostam do aumento de despesas. Aumentar despesas é sempre o mais fácil. Não há condições disto neste momento. Estamos com serenidade atravessando a tempestade. O barco está firme e numa velocidade que considero segura”.

Sobre os salários a serem pagos em 2016 para o funcionalismo público, Renan Filho se comprometeu a manter diálogos para as políticas de reajustes que virão em meio à turbulência. “Nós vamos continuar pagando os salários em dia. Estamos organizados para isto. Agora, precisamos de saídas para a crise política e econômica. Precisamos ver o Brasil voltar a crescer. O país perdeu 1,5 milhão de empregos no ano passado e isto afeta as contas de todos”.

“A arrecadação - sobretudo a federal de FPE - vem caindo. Esta queda pode afetar a todos. Estamos firmes trabalhando duro para que mantenhamos as coisas em dia, como salários e fornecedores. Garantir avanços na área da industria, reduzir violência, como fizemos, contratando novos policiais militares. Estamos com dificuldade, mas trabalhamos na contramão da crise”.

Estou no twitter: @lulavilar