Na mesma semana em que o prédio sede do PMDB de Alagoas recebeu a visita da Polícia Federal e lá arrombaram um cofre, mais uma notícia incomoda para o senador Renan Calheiros: o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a quebra de sigilo bancário do presidente do Congresso Nacional por conta dos indícios de seu envolvimento no esquema revelado pela Operação Lava-Jato. Renan Calheiros é citado em vários pedidos de abertura de inquérito.

O presidente do Senado tem alegado sempre sua inocência.

De acordo com a Revista Época, "o Supremo Tribunal Federal autorizou, no último dia 9, a quebra de seu sigilo bancário e fiscal no período de 2010 e 2014".

Os indícios contra Renan Calheiros se avolumam conforme as investigações andam. Eis o que deve preocupar – neste momento – o presidente do Congresso Nacional, que assumiu o papel de fiel escudeiro da presidente Dilma Rousseff (PT) para barrar o processo de impeachment no Senado Federal caso ele passe pela Câmara de Deputados, após o STF redefinir o rito.

De acordo com reportagem da Época, este foi o motivo, inclusive, de Calheiros ter se posicionado tão ferrenhamente favorável a Dilma Rousseff e ter feito duras críticas ao vice-presidente Michel Temer (PMDB). Ou seja, escolher o lado do barco onde o senador avalia que vai “entrar menos água”, já que – ao que tudo indica – há furos por todos os lados no Titanic da República.

Renan Calheiros ofereceria apoio político no Senado à presidente Dilma. Em troca, teria proteção. É o que afirma – por exemplo – a reportagem de Época, ao analisar o xadrez político que envolve o presidente do Senado Federal. Uma das novas evidências contra Calheiros são as acusações envolvendo Sérgio Machado e a Transpetro. Renan Calheiros teria sido o responsável por sustentar Machado no cargo por mais de 12 anos.

Mais uma vez a acusação é de recebimento de propinas nos contratos da Transpetro. De acordo com o ministro do STF, Teori Zavascki, que autorizou a quebra de sigilo de Renan Calheiros, um dos pagamentos veio de um contrato de R$ 240 milhões para a construção de comboios de barcaças.

As empresas venceram as disputas de licitação doavam para o PMDB de Alagoas, que é comandada por Renan Calheiros. “Constata-se que em 19 de julho de 2010 ocorreram duas transferências para a campanha de José Renan Vasconcelos Calheiros, ambas no valor de R$ 200 mil perfazendo-se o total de R$ 400 mil correspondentes aos valores depositados pelas empresas que fraudulentamente venceriam a licitação em comento”, diz o documento do ministro Teori Zavascki.

Há ainda a Operação Positus – que investiga o Postalis do Correios, que acumula um déficit de R$ 5,5 bilhões – e no centro das investigações está Fabrízio Neves. Há indícios de ligação dele com o senador Renan Calheiros. Os valores também são milionários.

Época – na reportagem que toca no assunto – falou com o senador Renan Calheiros. Trago a transcrição da fala do presidente do Senado. “As relações com empresas públicas e privadas nunca ultrapassaram os limites institucionais”. Renan diz ainda que “já prestou as informações que lhe foram solicitadas e está à disposição para quaisquer novos esclarecimentos”. O senador afirma que “jamais credenciou, autorizou ou consentiu que seu nome fosse utilizado por terceiros em quaisquer circunstâncias”. 

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