Quanto mais a Operação Lava Jato avança, mas a situação do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB), se complica. Calheiros – claro – alega inocência e tem o direito ao contraditório. Se inocente for, que seja reconhecida. Se culpado, que pague.

Todavia, há as questões políticas envolvidas em cada citação feita envolvendo o nome de Renan Calheiros. O presidente do Senado é – atualmente – o peemedebista mais governista do Congresso Nacional. Logo, não é nada bom para a presidente Dilma Rousseff (PT) que ele seja arrastado para dentro do olho do furacão, como ocorreu nos últimos dias.

No início da semana, Calheiros foi um dos alvos diretos da nova fase da Operação Lava Jato. A Polícia Federal bateu na porta da sede do PMDB de Alagoas. Não foi apenas o peemedebista anti-governista Eduardo Cunha que sofreu. A pressão para que Cunha seja cassado ou retirado da presidência da Câmara é grande. A pressão sobre Renan Calheiros também.

Em todo caso, os últimos acontecimentos ampliam ainda mais a crise interna que já vivencia o PMDB. São três PMDBs. Alguns em cima do muro e fugindo dos holofotes. Outros já declaradamente anti-governistas e favoráveis ao impeachment. Outros – o grupo do qual Calheiros faz parte – ainda abraçados com a presidente Dilma Rousseff e torcendo pelo governo.

Tanto é assim que Renan Calheiros e Michel Temer já entraram em rota de colisão.

Agora, mais um fato envolvendo o senador Renan Calheiros: o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró afirmou ter angariado propina para o senador Delcídio do Amaral (PT), Renan Calheiros (PMDB) e Jader Barbalho (PMDB).

É mais uma das declarações contidas na delação premiada. De acordo com Cerveró, ele se comprometeu a repassar US$ 2,5 milhões ao senador Delcídio do Amaral, por diversos motivos. Justifica-se a preocupação de Delcídio. O delator também coloca que ajudou a destinar US$ 6 milhões de propina para Renan Calheiros e Jader Barbalho.

 Que fase esta do PMDB! E agora, Renan Calheiros parte para o confronto com Michel Temer. As declarações de ontem sinalizam isto. Renan Calheiros disse que cabe ao presidente Michel Temer construir a unidade partidária, jogando no vice-presidente da República a culpa pelo racha na legenda e a saída de parte da agremiação do governo.

Disse – ainda em referência a Temer – que o PMDB não terá dono. Mas afirmou algo que de fato faz muito sentido: “O PMDB tem culpa nesse processo. O PMDB não poderia transformar a aliança em distribuição de cargo. O PMDB só queria saber de cargos e minimizou o seu próprio papel”. Pois é. Mas advinha quem também pode ter se beneficiado com esta distribuição de cargos e influências no governo? Vamos às cenas do próximo capítulo. 

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