Errei em relação a uma informação publicada neste blog no texto que fiz sobre o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, e a fase da Operação da Lava Jato ocorrida na manhã de hoje, dia 15.
Bem, como faço mais textos de análise, me pautei pela apuração do fato feita pela equipe do CadaMinuto em relação ao fato em si. A informação inicial é de que uma parede - na sede do PMDB - havia sido quebrada para a retirada de um cofre com documentos.
A assessoria do PMDB me ligou, me informando que a parede “não havia sido derrubada” como eu escrevera. Bem, eu não disse “derrubada”. Eu disse “quebrada”, levando em consideração a informação de que o cofre era embutido. Em todo caso, errei. Peço desculpas ao leitor.
Quando erro, não tenho compromisso com o erro. Então, consertei de imediato. O cofre existe, foi aberto por determinação da Polícia Federal (PF) de fato e continha documentos. Segundo o PMDB, pertencem a um dos membros do partido: Ricardo Santa Ritta. Os documentos eram dele.
Correção feita!
Agora, a minha avaliação é a mesma. Não se muda uma linha. Se dá em relação ao fato de Renan Calheiros (PMDB) - o peemedebista-mor de Alagoas - ter ficado fora do “olho do furacão” da operação que atingiu o PMDB.
Renan Calheiros teve a sorte (ainda não se sabe por quais argumentos) do ministro do STF, Teori Zavascki, ter negado os pedidos de busca e apreensão em sua residência. Apenas o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) teve esta “honra”.
Perguntar a razão da negação do mandado é legítimo.
O inimigo mortal dos governistas virou o alvo. Renan Calheiros, o governista, foi citado indiretamente, ainda que pesem sobre ele cinco inquéritos. Isto me deixou curioso em relação aos argumentos de Teori Zavascki.
Não se trata de acusar quem quer que seja. A análise que faço se baseia em uma premissa: se era para colher provas dos citados (em delações) no esquema que envolve o PMDB, Calheiros também é citado.
A Procuradoria Geral da República solicitou buscas e apreensões com base nisto, tanto em relação a Cunha, quanto a Calheiros. No mais, quem for podre que se quebre. Quem tiver culpa que - respondendo o devido processo legal e com direito ao contraditório - que pague suas penas devidas. Quem for inocente, que seja inocentado.
Todavia, creio ser uma indagação necessária a ser feita. Eu a fiz.
E disse mais: ainda que tenha sido negado o mandado envolvendo a residência de Calheiros, não se pode esquecer - como alguns esqueceram e focaram apenas em Cunha - que a operação o atingiu. Teve como alvo a sede do PMDB de Alagoas.
Quando se lê PMDB em Alagoas, se lê Renan Calheiros, que é seu timoneiro. O foco são os nomes maiores do PMDB no país neste momento: o presidente da Câmara e o presidente do Senado. A estratégia de se ter apenas um “vilão folclórico” representando todo o mal da República em momentos em que o governo está tão frágil é tão midiática.
E isto não é absolver Cunha. Nada disto. É dizer: Cunha tem que pagar pelo que deve. Como todos os envolvidos na Operação Lava Jato. Como todos os envolvidos em uma estratégia de lotear estatais, pagar propinas, abastecer os amigos do rei, em função de um projeto de perpetuação no poder.
Pois as estatais pertencem ao Executivo federal e este governo - irresponsável e que se deixa roubar - precisa explicar muito do que vem sendo feito até aqui com - no mínimo - a sua anuência. Afinal, são seus fisiológicos aliados ou petistas mesmos que vivem sendo expostos nos noticiários como parte da metástase desta corrupção no corpo do Estado.
Mas, para alguns, só há um vilão: Cunha. Eu faria a mesma análise se fosse o contrário. Se todas as forças do mundo estivessem concentradas com o alvo em Calheiros, esquecendo o contexto que envolve todas estas denúncias.
Há diferenças entre Calheiros e Cunha? Claro. As denúncias contra Cunha são mais palpáveis, incluindo as contas na Suíça. Contra Renan há pedidos de prolongamento de prazos para os inquéritos. Mas os crimes apontados são tão graves quanto. As investigações, as provas, os fatos e a Justiça que diga quem são os culpados ou os inocentes. Não cabe a mim.
Cabe a mim cobrar que as investigações tratem - cada um dos citados - por igual no processo de investigação. Cabe a mim querer saber os critérios e embasamento das decisões, como jornalista, para melhor informar.
E o leitor que me acompanha sabe o quanto busco uma fonte primária. Sabe da preocupação minuciosa com cada palavra na construção de uma análise.
É em respeito a ele, que chamo atenção para o meu próprio erro. No mais, reitero todo o resto do texto com a mesma avaliação antes feita sobre os fatos que sucederam nesta manhã.
No mais, o próprio PMDB, por nota, já disse o que foi apreendido: “no que importa à diligência, foram recolhidos documentos alusivos à contabilidade do partido que, de resto, por força de lei, são de caráter público e já foram anteriormente apresentados à Justiça Eleitoral em Alagoas, nas respectivas prestações de contas”.
“O cofre existente na sala do secretário geral do partido, Ricardo Santa Ritta, é de propriedade deste, e sua abertura foi espontaneamente autorizada por ele. A abertura forçada se deu por falta de chave e pelo longo tempo em que o mesmo se encontrava sem uso e com a chave extraviada. Em seu interior havia apenas documentos pessoais antigos do proprietário, que não foram recolhidos”, segue.
Por fim, diz a nota que “O PMDB-AL reitera que sempre esteve e estará à disposição da Justiça para fornecer as informações e documentos necessários ao cumprimento de toda e qualquer ordem judicial legalmente emitida”.
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