Apesar de estar em ninho tucano, o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB) surgiu – na manhã de hoje, dia 03 – com um discurso que destoou dos demais membros do PSDB em relação à abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff (PT).
O senador Aécio Neves (PSDB) – por exemplo – comentou a deflagração do processo apoiando o andamento deste, mas Rui Palmeira cravou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), “não tem condições morais ou políticas para conduzir o processo de impeachment”.
Ora, ninguém discute a biografia de Eduardo Cunha. O peemedebista está atolado na “lama da Lava Jato” e não conseguiu explicar as contas da Suíça. Tem que pagar sim pelos seus erros. Não se discute. Porém, uma coisa é questionar o mensageiro, outra a mensagem. Não se trata – portanto – de apoiar Cunha. Longe disto.
O pedido de impeachment que começa a andar na Câmara de Deputados tem elementos concretos que precisam ser analisados. Não são apenas as pedaladas fiscais de 2014, mas há a questão das metas do orçamento, além das pedaladas que se estendem em 2005, apontando crimes de responsabilidade fiscal por parte da presidente. Publiquei ontem aqui a íntegra do pedido.
A presidente – como prevê a Constituição - terá o direito à ampla defesa, como tem que ser. O processo deixa de ser de Eduardo Cunha, passa a ser de análise do Congresso Nacional. Que isto seja dito. Que pena que o presidente é Eduardo Cunha. De fato, perde muito em credibilidade e acaba e formando muitas cortinas de fumaça na guerra de informações, principalmente em redes sociais.
Rui Palmeira descreve como se chegou ao dia de ontem, em que o processo foi deflagrado. É o que de fato ocorreu: “me parece que havia uma negociação com o Eduardo Cunha e o governo para que os deputados petistas votassem contrário a sua cassação no Conselho de Ética, e o governo não conseguiu cumprir a sua parte”. Que foi uma retaliação, está claro. Mas uma coisa é o mensageiro, outra é a mensagem.
Outro ponto: saber da negociação para salvar Dilma e Cunha mostra que o Executivo tentou negociar com o presidente da Câmara. Não conseguiu. Então, a presidente mente mais uma vez quando diz que não cede a chantagem. Cederia sim, se houvesse espaço. A bancada do PT no Conselho de Ética é que não aderiu ao processo das negociações em andamento.
“O processo é muito complexo”, diz ainda Rui Palmeira. Apesar das fortes críticas ao governo, a sensação é de que Palmeira subiu no muro.
O chefe do Executivo municipal – em todo caso – voltou a reclamar da crise política e econômica. “Os efeitos são graves”. Um deles – de acordo com Palmeira – é a redução de recursos para a Educação de Maceió em 2016. “O Fundeb está atrelado ao FPM. Então, se cai o FPM, cai o investimento em Educação também. Vai haver retração e isto atinge FPM e consequentemente Fundeb. Isto ocorre se o FPM cai ou não cresce no ritmo da inflação”.
Sobre o cenário posto de impeachment, Rui Palmeira também analisa: “eu vejo com muita preocupação. Felizmente o Congresso aprovou a meta do superávit, que afetava inclusive o TSE que ameaçou voltar à votação manual, e atinge também Educação e Saúde. O Congresso foi responsável e houve este respiro”. De toda forma, a situação a qual chegou é responsabilidade da gestão de Dilma Rousseff também.
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