Não tem jeito. Falou de Operação Lava Jato, quando menos se espera surgem os nomes – ainda que citados indiretamente, por meio das delações premiadas – dos senadores alagoanos, em especial Fernando Collor de Mello (PTB) ou do presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB). Vale lembrar: os três senadores alagoanos são apontados como suspeitos de envolvimento nos escândalos revelados pela Lava Jato. Além de Calheiros e Collor, o senador Benedito de Lira (PP) também foi citado em delações.
Todos alegam inocência desde que os nome surgiram na lista feita pelo procurador-geral Rodrigo Janot e encaminhada ao STF.
No episódio de hoje, dia 25, com a prisão do senador Delcídio Amaral, mais uma vez o nome de Renan Calheiros é citado. Desta vez Calheiros é citado na conversa que foi fundamental para que Supremo Tribunal Federal (STF) entendesse que Amaral estava comprometendo as investigações.
O diálogo foi gravado por Bernardo Cerveró, que é filho do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. O centro da conversa é a estratégia junto ao STF para livrar a cara do ex-diretor internacional da estatal. Delcídio diz que é preciso “centrar fogo” no Supremo.
Afirmou – inclusive – que chegou a ter conversas com o ministro Teori Zavascki, que é o relator da Operação Lava Jato. O senador foi detido, portanto, em flagrante. É o entendimento da Justiça. Ainda, segundo Delcídio, houve conversas com os também ministros Dias Toffoli, que teria ido conversar com Gilmar Mendes.
Fora do Supremo, os diálogos teriam sido com o vice-presidente Michel Temer (PMDB). Delcídio Amaral ainda teria se comprometido a ele mesmo conversar com Mendes.
Quem avalia a situação de Renan Calheiros no diálogo é o advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro. Delcídio do Amaral fala que “Gilmar Mendes oscila muito, uma hora ele está bem, outra hora está ruim e eu sou um dos poucos caras...”. É quando Ribeiro pergunta quem seria então o melhor nome para conversar com o ministro.
Eis que Delcídio Amaral responde que Renan “conversaria bem com ele (Renan Calheiros)”. Edson Ribeiro complementa: “Eu também acho, o Renan”. Eis que vem a avaliação: “é preocupante a situação de Renan”.
Todo o diálogo é uma avaliação estratégica de como agir diante da evolução das investigações. Ressalto: Renan Calheiros é citado de forma indireta. Alguém ainda pergunta: “mas, por que, tem mais coisa do Renan?”. O conteúdo são as informações da delação de Cerveró. Delcídio Amaral se compromete a falar com o presidente do Senado sobre o caso e – na sequência – começa o diálogo sobre tirar Cerveró do país.
Se Delcídio falou com Renan Calheiros ou não, aí é outra história. Nas declarações da manhã de hoje, o presidente do Senado Federal disse que foi pego de surpresa. A sessão do Congresso Nacional – que seria nesta quarta-feira – foi suspensa. Calheiros afirmou que o STF deve antecipar o envio dos autos, que devem chegar hoje ao Senado. Com isto, os líderes e membros da Mesa Diretora devem se reunir para discutir o rito da votação em relação à prisão de Delcídio Amaral.
Fernando Collor
Outro senador que reaparece no relatório da Procuradoria Geral da República é o senador Fernando Collor de Mello (PTB). No documento encaminhado ao ministro Teori Zavaski, é feito referência à delação de Nestor Cerveró nos pontos que atingem Delcídio Amaral e André Esteves.
Cerveró acusa Delcídio Amaral de “corrupção passiva no contexto da aquisição de sondas pela Petrobras e na aquisição da Refinaria Pasadena, nos EUA”. É aí que aparece o nome de Collor: “no âmbito do contrato de embandeiramento de 120 postos de combustíveis em São Paulo”. O assunto, inclusive, já foi alvo de matérias da imprensa. Collor alegou inocência, como já dito no post acima.
Estou no twitter: @lulavilar