O negro alagoano mais celebrado em sua terra natal depois de Zumbi dos Palmares teve seu talento reconhecido na tarde da última quarta-feira (18). Djavan foi homenageado nos Estaos Unidos pelo 16º Grammy Latino, com o Prêmio à Excelência Musical, concedido por conta da relevância do conjunto de sua obra.

Ao receber o troféu, o artista alagoano emocionou-se ao dedicar o prêmio à sua mãe, que também voltou a ser homenageada no novo álbum de Djavan: “Ela foi a pessoa que me introduziu na música, que descobriu, ainda quando eu era muito jovenzinho, que eu tinha vocação. E eu quero dedicar esse prêmio a ela. Dona Virgínia, muito obrigado”.

Durante a cerimônia de premiação realizada em Las Vegas, uma retrospectiva dos 40 anos de carreira de Djavan foi exibida. Trajetória sempre marcada pela presença das influências alagoanas e por intensas pesquisas que resultam em produções originais, com temáticas sensíveis ao povo latino-americano. 

"Esse prêmio tem uma importância muito grande porque sobretudo ratifica a ideia de que minha música está cada vez mais ganhando espaço na América Latina, o que me deixa muito feliz", disse Djavan. 

O Grammy Latino é a versão latino-americana dos prêmios Grammy, e há 16 anos vem reconhecendo a qualidade artística e técnica das produções da indústria fonográfica.

Novo álbum exibe vitalidade universal da música de Djavan

Para celebrar os 40 anos de carreira, o novo álbum "Vidas pra contar", lançado há duas semanas, mostra um Djavan exercitando, no limite, o seu estilo consagrado. "Só pra ser o sol" é uma daquelas canções matadoras, de tocar no rádio a vida inteira (e sempre soando nova), de grudar no ouvido. Calcada na linha de baixo de Marcelo Mariano e com desenhos inusitados do naipe de sopros tocado por Jessé Sadoc (trompete) e Marcelo Martins (sax tenor), a canção logo conquista pela fluência melódica dentro de uma estrutura harmônica surpreendente, cheia de modulações. E pela letra, a poética de Djavan burilada como só ele faz, o uso de gírias ("uhu") em meio a imagens inusitadas (como a da moça revirando o armário): "Uhu, você disse que vinha e veio/Não acreditei/E cheguei a tremer/Pensei em você virando armário/Pra chegar em mim/Que bom! Te ver/Tão linda e desejada".

Tal maturidade leva Djavan a exercer seu estilo tão marcante em gêneros diversos de música popular - lembrando que sua primeira educação musical foi, ainda menino em Maceió, na eclética coleção de discos do pai de um amigo de colégio e nos programas de auditório não menos ecléticos da Rádio Nacional, que ouvia com a mãe. Aliás, a canção autobiográfica "Dona do horizonte" narra exatamente essa relação de Djavan com a música a partir da influência da mãe que o fez ouvir Orlando Silva, "Dalva de Oliveira e Angela Maria/Todo dia...".

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