Conversei – na manhã de hoje, dia 04 – com o deputado federal Cícero Almeida (PSD) sobre a questão envolvendo ele e o PRTB, a agremiação pela qual ele foi eleito. Como mudou de legenda, a sigla comandada por Levy Fidélix (PRTB) quer cassar o parlamentar alagoano. Assumiria a vaga o parlamentar Val Amélio (PRTB).
Almeida diz – logo de cara – que o principal interessando em tirar o seu mandato é o presidente estadual do PRTB, Adeílson Bezerra. “É ele o grande interessado. Não se trata de Val Amélio, mas de Adeílson Bezerra. Ele é o interessado em tirar o meu mandato. É o mesmo Adeílson que responde a vários processos, dentre os quais aquele da Operação Navalha. Inclusive, o Adeílson disse a mim que é um processo que compromete o ex-governador Téo (Teotonio Vilela Filho) e que assinou as questões da Gautama quase que obrigado. Ele me disse isso”.
Cícero Almeida – em conversa com este blogueiro – soltou o verbo. “O PRTB é um partido que atende aos interesses de Levy Fidélix e da família dele. Vejam os processos que eles respondem. Eles ainda me forçaram – quando eu fui presidente – a colocar deputados no partido e sequer recebi um muito obrigado por isto”, frisa.
“Se eu perder o mandato, não há Justiça neste país. O que o PRTB fez comigo não se faz com nenhum político”, complementou. De acordo com Cícero Almeida, ele vê o pedido de cassação de seu mandato “com tristeza”. “Não há outra forma de falar da decisão tomada pelo PRTB. Existia um projeto, um compromisso de parceria e agora eles estão buscando algo pelo qual não trabalharam. Eu não tive apoio nem oportunidades no partido e assim que assumi a primeira coisa que recebi foi um ofício para que eu votasse no Eduardo Cunha (PMDB) (para presidente da Câmara) e vieram em busca de cargos no meu gabinete, um cargo – inclusive – de R$ 4 mil”, complementou.
Almeida diz que não se preocupa com o pedido de cassação por ter certeza de que ele não vai adiante. “Não tenho a menor preocupação com essas ameaças. Se alguém tem precedentes e processos pelos quais devem responder é Adeílson Bezerra e Levy Fidélix”, destacou. “O PRTB não recebe, hoje, fundo partidário. É uma sigla que exigiu 10% do meu salário bruto como deputado. Eu solicitei que o fundo partidário do PRTB fosse auditado. Eu fui destituído da presidência de forma autoritária, tentaram buscar cargos aqui em Brasília, fui usado para que o partido votasse no Eduardo Cunha, que é um compromisso que o Levy Fidélix tem com o Cunha e aí que o Levy responda sobre que compromisso é esse”.
Almeida faz referência à condenação sofrida por Levy Fidélix por conta das declarações em um debate presidencial na televisão, em 2014, além de processos nos quais Adeílson Bezerra aprece como réu, como um que está na 4ª Vara Criminal da Capital e outros no campo cível. Sem contar com as referências feitas a Operação Navalha.
Ida para o PSD
Indaguei ainda sobre a escolha do PSD. Questionei Almeida se ele havia escolhido a nova legenda pensando em um projeto para concorrer à Prefeitura de Maceió. Cícero Almeida nega. “Não pensei nisto. Penso em trabalhar o meu mandato como venho fazendo. Não tenho a menor preocupação com eleição agora. Vou concorrer caso haja um chamamento – como tem demonstrado as pesquisas – por parte da sociedade. Mas a escolha pelo PSD se deu pelo que é o partido e pelas condições dadas a mim para trabalhar”.
De acordo com Almeida, o PSD é partido que detém ministério o que facilita na aquisição de recursos em Brasília. “Isto possibilitou uma emenda de R$ 60 milhões, está em uma grande bancada, onde tenho recebido respeito, algo que nunca tive no PRTB. O presidente do PSD me respeita, tenho aliados e posso trabalhar por Maceió e por todo o Estado”.
“Agora, se eu sentir a convocação da sociedade, serei candidato para fazer um mandato melhor do que o que já fiz, pois tenho mais experiência adquirida”, salientou. De acordo com Almeida, quem tem antecipado o clima de eleição é o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), com “indiretas ao criticar a licitação de transportes”. “Quando ele faz estas críticas e diz que o processo anterior foi irresponsável, indiretamente ele chama o MP de irresponsável, pois foi feito com eles (os membros do MP)”.
Sobre Levy Fidélix
As falas de Almeida contra Levy encontram respaldo em matérias de repercussão nacional. Em uma delas, o presidente do PRTB é acusado de usar o partido para enriquecimento próprio. Em outra, o presidente é apontado como alguém que cobra R$ 400 mil para que o interessado se filie na sigla. São estes pontos que serão usados na defesa de Cícero Almeida.