Tragédia. Creio não haver outro vocábulo para definir o que ocorreu na manhã de hoje, dia 23, com os policiais que foram assassinados por bandidos (o termo é este!) no exercício de sua profissão. Pelas linhas de investigação – e até que se prove o contrário – dois soldados morreram e a criminalidade passou a “cantar vitória”. Que cante por pouco tempo e que a Segurança Pública – dentro dos limites do Estado Democrático de Direito – consiga dar a resposta e colocar tais traficantes para mofar na cadeia.

Em caso de reação por parte dos covardes que assassinaram os policiais na manhã de hoje, eu estou do lado dos bons policiais (creio que a maior parte da sociedade) que fazem parte da corporação alagoana. Claro que há maus policiais por lá, como há péssimos profissionais em todos os lugares. Todavia, aqui falamos dos policiais de bem que – mesmo em condições adversas, com salários que mereciam ser maiores, e muitas vezes sem equipamentos que consigam fazer frente ao crime organizado - vão às ruas para a batalha diária de garantir segurança à população.

Esta é uma das razões pelas quais tenho elogiado a postura do secretário de Segurança Pública de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça, em dois sentidos: 1) tem conseguido unir a tropa e motivar grande parte dos profissionais; 2) nunca defendeu – para isto – o discurso do “bandido bom, é bandido morto”. Defende o Estado Democrático de Direito e – em caso de resistência e tentativa de matar policiais – se posiciona do lado certo. Apesar das declarações fortes, nunca houve esta defesa de “polícia que mata” por parte do secretário. Até aqui, Gaspar de Mendonça tem dito que a polícia – por ser ostensiva e repressiva e chegar quando o Estado falha – vai cumprir o seu papel com a energia que se espera dele e dentro das leis que se cobra.

Ouçam todas as entrevistas. É isto que ele prega. Se faz diferente em privado, não sei. Não convivo com o secretário. Sequer o conheço. Nunca o entrevistei, inclusive. Porém, creio que as recomendações dentro da corporação sejam as mesmas que postas à imprensa, em plena luz do dia. E nisto Alfredo Gaspar de Mendonça está correto. Não há o que relativizar numa sociedade cujos valores já foram relativizados. Lugar de bandido é na cadeia. Bandido bom é bandido preso. Crimes hediondos precisam ser punidos de forma exemplar, sejam eles quais forem e sejam os criminosos quais sejam.

Vistam os criminosos ternos ou vistam os criminosos bermuda e boné, o lugar deles é cadeia. É isto que esperamos da Secretaria de Segurança Pública de um Estado. Isto acaba com a violência e a criminalidade? Não! Longe disto. O que reduz os índices de fato são ações integradas que englobem várias políticas preventivas, dentre as quais o resgate de valores fundamentais. Estas passam por Educação, alta cultura, fortalecimento da família, melhorias sociais e por aí vai. Não se cobra isto da polícia. Da polícia se cobra que ela aja no confronto direto com o bandido e que se faça presente para que não se dê a sensação de abandono do Estado, sobretudo em regiões que já foram dominadas pelo “poder paralelo”.

Sendo assim, há limitações inerentes a atividade policial que – se o Estado falha no demais – coloca os soldados para enxugarem gelo. Mas Alfredo Gaspar de Mendonça tem sido presente. Espero que não resolva fazer política, mas que encare o cargo como missão. Como homem público que já era antes sei que ele entende muito bem a diferença. Os leitores podem discordar de mim, mas eu não seria eu se não falasse o que penso de forma bem clara e direta.

Torço para que este secretário esteja sempre ao lado da tropa e do lado oposto aos maus policiais que precisam ser expurgados no sentido de construirmos uma polícia melhor. Não é fácil. Enfrenta pressões internas e externas, com toda certeza.

Mas, em relação à tragédia ocorrida hoje, chamo atenção para algumas declarações do titular da pasta que coloca bandido no lugar de bandido. Há setores da sociedade que andam esquecendo disto.

“Estaremos ao lado dos bons policiais. Estejam eles onde eles estiverem. Estejam eles sozinhos ou com um pelotão. Estejam eles fardados ou civis, o brasão do Estado é um só e nós iremos buscar os criminosos que teimarem em nos afrontar estejam eles onde eles estiverem. Nós fazemos parte de uma única família. Um familiar nosso não ficará abandonado. Daremos a resposta”, diz o secretário.

E continua: “mas eles (os bandidos) se enganaram profundamente, pois estamos muito mais unidos. Mataram dois heróis, mas nos fortaleceram”. E aqui chamo atenção para este ponto da fala: “daremos a resposta, mas não é hoje e nem amanhã só não, mas enquanto o governador Renan Filho for governador do Estado teremos uma polícia unida, fortalecida e prestigiada. Não derramaram sangue em vão”.

Eu só não citaria o nome de político algum. Pois políticos ficam muito ao sabor das opiniões públicas, o que espero que não seja o caso, pois o valores corretos e a definição correta de quem é bandido e de quem não é, independe de maioria ou minoria. Eles – tais valores - existem! No mais, está correto: não é uma luta de hoje, nem de amanhã. É uma luta de sempre para se evitar ao máximo futuros crimes como este e garantir – sobretudo que a população mais pobre – tenha acesso à segurança.

Sabe por qual razão cito a mais pobre? Porque é onde o poder paralelo atua amedrontando a todos que moram na comunidade sem que as vítimas – que são cidadãos que batalham duramente para conseguir o sustento de seus filhos e tentar ao máximo tirá-los do tráfico ou do caminho do crime – possam comprar grades, erguer muros ou por vigilância em chiques condomínios. A presença da polícia nestes locais é uma porta fechada para o crime. Por isto policiais não são recebidos por flores. Pois é guerra. Claro, os maus policiais que usam da farda para fazer coisa errada, se enquadram antes na categoria de bandidos e merecem ser punido. Mas, eles são minoria. A maioria é dos que arriscam a vida e se sujeitam a tragédias como a de hoje.

E é neste momento que finalizo com mais uma declaração de Alfredo Gaspar de Mendonça: “esses policiais poderiam estar no conforto dos seus lares, em missões mais fáceis, mas resolveram arriscar suas vidas para fazer o bem. Foram mais de 400 vidas salvas. São vidas de meninos pretos, pobres, de periferia, para fazer menos pais e menos mães chorassem. Os que acham que a polícia está violenta, deixo bem claro: a polícia não está violenta, a polícia tem salvado vidas”.

Eu só discordo de um ponto. Nesta fala Alfredo Gaspar de Mendonça diz que os policiais estão bem servidos. Bem, diante do débito histórico do Estado e da forma como a PM sobreviveu nos últimos se vê que é bem diferente disto. Nossa policia ainda sofre de falta de equipamento, treinamento, e outra série de deficiências que precisam urgentemente serem corrigidas para que ela preste o melhor papel possível. No mais, o secretário – a meu ver – está correto. E os bons policiais merecem sempre nosso apoio e precisamos cobrar que assassinos como os de hoje sejam punidos exemplarmente para não abrirmos brechas para as ervas daninhas que crescem no jardim da impunidade. Os maus, por óbvio (como qualquer bandido, independente do “calibre”), merecem cadeia. 

Estou no twitter: @lulavilar