Conversei com o deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT) – que é vice-presidente da Casa de Tavares Bastos e líder do governo na Assembleia Legislativa – sobre diversos assuntos, em uma entrevista exclusiva na Rádio Jornal AM-710. Em postagem anterior já havia retratado as falas de Medeiros sobre sua saída do Partido dos Trabalhadores. O parlamentar aguarda apenas uma liberação da legenda para não correr o risco de perder o mandato.

Porém, outro assunto que abordei durante o programa foi a visão do deputado sobre o pacote de medidas para ajuste fiscal (aumento de imposto) que foi aprovado pelo parlamento estadual com apenas um voto contrário: o de Rodrigo Cunha (PSDB). Medeiros – como líder do governo – defendeu a medida que foi gestada na Secretara de Fazenda pelo titular da pasta George Santoro.

Indaguei ao parlamentar o porquê da Casa aprovar uma medida que torna mais cara a vida dos alagoanos a partir de janeiro de 2016. “O deputado Rodrigo Cunha quando critica o pacote faz o papel dele que é de oposição. Algumas coisas que ele fala tem sentido, mas em outras ele distorce a realidade. O pacote retira da lista de aumentos remédios, cesta básica e energia elétrica. Quando o deputado Cunha diz que aumenta tudo ele confunde a sociedade e não faz o discurso correto de um parlamentar”.

De acordo com Medeiros, o governo – antes de chegar a medidas de ajuste com foco no aumento de impostos para ampliar a arrecadação – “favoreceu a pequenas empresas com a questão do teto em relação aos impostos. Elevou o teto para o federal. Houve perda de receita para beneficiar a pequena empresa. A cadeia de aves teve isenção. Temos uma grande empresa em Santa Luzia instalada e funcionando. Tivemos benefícios para cadeia do leite e derivado, o álcool está diminuindo. O governo melhorou o comércio para os centros de distribuição, o transporte complementar vai ficar isento de IPVA. Além disto, é um governo que cortou secretarias e cargos”.

Para o petista tais medidas adotadas pelo governo mostram que não se passou a “conta para o cidadão”. “Claro que não se quer aumento de impostos, mas neste caso são em produtos que não são essenciais na vida das pessoas. É necessário, pois no mês passado a arrecadação caiu em quase R$ 50 milhões, mas a folha de pagamento não diminui. E não pode faltar recursos. É um esforço que a Assembleia fez, alterando normas de impostos para manter a Saúde funcionando entre outros serviços que não podem faltar”.

Um detalhe é que aumenta combustível. Este é um ponto crucial, pois é um índice inflacionário que fará aumentar outros produtos fatalmente, o que torna a vida mais cara, contrariando o que coloca o deputado estadual Ronaldo Medeiros. O parlamentar – entretanto – segue discordando deste raciocínio. “Uma parte da sociedade vai pagar por estas medidas que aumentam impostos, sim. Mas será a parte da sociedade que mais tem. O governo fez de tudo para não afetar as pessoas mais pobres”.

“Foi colocado mais impostos para quem tem um carro de mais luxo, quem compra um barco, um avião. Não é pecado nascer rico ou ser rico, mas essas pessoas vão ter que pagar um pouco mais. Sabemos que estas pessoas que mais tem também empregam, mas vejam quantas pessoas vão ser beneficiadas com as medidas que vão privilegiar o uso do álcool no combustível. Serão mais pessoas trabalhando no setor ligado ao álcool também. Tornaremos o produto competitivo. Porque será melhor usar o álcool do que a gasolina”, avaliou ainda Ronaldo Medeiros.

Indaguei sobre a ausência de prazo para as medidas adotadas já que elas estão relacionadas à crise econômica. “Todos os estados do Brasil estão tomando medidas semelhantes. O que vem acontecendo são quedas nas arrecadações e quedas no Fundo de Participação Estadual. Mais de 17 estados do Brasil estão atrasando os pagamentos. Há ainda a situação dos municípios que é muito difícil. Com a receita caindo, o governo não fabrica dinheiro. Tem que ser mantido com impostos”.

Sobre o tempo: “o que não estipulamos neste projeto foi um período específico, do tipo: será um ano. Ora, se em um ano a crise não mudar? E depois vamos supor que a crise se altere, então serão reduzidos os impostos. Eu torço para que a crise passe porque ninguém quer que o Brasil siga em crise. Há uma crise política afetando a economia. Há gente torcendo pelo quanto pior, melhor, e isto está afetando a economia diretamente. Uma coisa está ligada a outra. Estas medidas tomadas hoje são devido a um grupo de pessoas que torcem para o quanto pior melhor”.

Eis que – diante da resposta dada por Medeiros – questionei se esta crise não seria muito mais fruto de um governo petista irresponsável que levou o país para o fundo do poço. “Eu venho divergindo muito do meu partido e deste governo. Mas mesmo com esta crise, o Brasil é bem melhor que 2002 que é quando o presidente Lula assumiu. Minha opinião é que não se pode culpar apenas o partido PT, porque é o que menos tem ministérios e já era assim antes da reforma, pois ou você dá os ministérios ou não governa, a não ser que o partido tenha maioria no parlamento. Agora, isto não livra a culpa do nosso partido e nem tira a culpa da presidente Dilma. Faltou diálogo e ela é mais gestora que política e assumiu um cargo na política. Ela tem que dialogar mais. A principal reforma não é nos ministérios, mas na cabeça da presidente Dilma. Essa sim é que é uma grande reforma. Não adianta mais o governo usar essas estratégias”, concluiu.

Quem me acompanha sabe que tenho divergências em relação a algumas análises de Ronaldo Medeiros, mas trago aqui as declarações dadas pelo deputado estadual. O leitor que analise. No dia de hoje, 13, conversei com Rodrigo Cunha sobre o mesmo assunto. Trarei aqui as falas de Cunha em próxima postagem.  

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