Conversei – em meu programa na Rádio Jornal AM-710 - com o líder do governo de Renan Filho (PMDB) na Assembleia Legislativa de Alagoas, o deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT). Indaguei-o sobre sua possível saída do Partido dos Trabalhadores. O que dá para sentir: a saída dele da agremiação é só uma questão de tempo.
Medeiros já havia tocado no assunto ao falar com as jornalistas Vanessa Alencar – do CadaMinuto – e com a repórter da Tribuna Independente, Andrezza Tavares. Medeiros sempre se mostrava reticente, mas não escondia o desânimo com os passos do partido e do atual governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
São vários os petistas – pelo país afora – que temem que a rejeição ao partido atrapalhem as suas carreiras políticas. Tudo indica que isto também é uma reflexão de Ronaldo Medeiros, que é candidato à reeleição em 2018.
Na entrevista, Medeiros foi enfático: “eu já estou de saída do partido”. Ronaldo Medeiros disse que ainda não tem para onde ir e que há um processo a ser pensado antes. “Eu preciso conseguir minha alforria. É preciso ter a liberação do partido, porque eu também não vou perder o meu mandato. Estou vendo estas questões”.
Nos bastidores se comenda a possibilidade de Medeiros ingressar no PMDB do senador Renan Calheiros e do governador Renan Filho. O deputado estadual não confirma.
Durante o papo, indaguei ao deputado sobre as promessas de campanha de Dilma que se chocaram com a realidade mostrando exatamente o contrário de tudo aquilo que ela dizia. Questionei ao parlamentar ainda petista se a presidente era uma mentirosa.
Ele responde: “Não. A presidente cometeu erros politicamente. Errou em vários sentidos, mas é uma pessoa que tem idoneidade muito grande. E paga por sua forma rígida de encarar a política. Paga um preço caro. Erra quando se promete aquilo que você não pode cumprir. Eu não sei se ela sabia da situação naquela época. O que é prometido e não é cumprido é um suicídio político. Ela adotou uma série de medidas pesadas e sem conversar com movimentos sociais e pessoas que estavam envolvidas. Não ouviu esta parcela da sociedade”.
Medeiros diz que não esperava que a presidente tomasse as medidas – como as mudanças nas conquistas trabalhistas – que foram adotadas. “Foi um erro que atingiu as pessoas que votaram nela”.
“Existem pessoas honestas e desonestas em todos os partidos”, coloca ainda Medeiros, ao analisar os casos de corrupção envolvendo o Partido dos Trabalhadores. “As pessoas devem analisar as biografias de seus candidatos. Escolher bem. Não se pode generalizar as pessoas de um partido. Vamos educar a sociedade para votar corretamente e não eleger a carne podre”, frisou.
Questionei ainda Medeiros se a presidente Dilma seria uma refém do PMDB diante da atual circunstância que levou à reforma ministerial. “Eu não acho. A presidente Dilma é refém dela mesma. Ela é refém do que ela fez nestes cinco ou seis anos do governo dela. Ela se tornou refém desde que colocou ministros que o próprio partido não queria. Ministros do PT que o próprio partido não queria. O PMDB tem 70 e poucos parlamentares numa Casa de mais de 500. Não tem como ser refém do PMDB. Você tem que saber que o cargo exige muito da condução política do próprio presidente. Ela é inábil e eu discordo de muitas medidas do partido este ano. Congelou aumento dos servidores públicos”, avaliou.
Medeiros ainda destacou que a revolta é “completamente previsível” com o PT. “Além de previsível é aceitável. Elas se revoltam devido ações não só da política, mas se culparmos o governo por tudo e não arregaçarmos a manga da camisa a gente não ganha o pão de cada dia. Vamos trabalhar. Não estou defendendo o governo A, B ou C, mas eu acho que a Dilma não é culpada por tudo. Nem o PT é culpado por tudo. Troquem o PT por outro. Vai ter eleições agora e terá outra em 2018. Troquem de partido. Mas mudança não é só trocar o partido”.
“Eu estou me organizando para sair do partido, mas não farei o discurso medíocre de que se trocar o partido muda tudo no Brasil. Não acho que seja por aí. Na minha opinião, o PT não deveria lançar candidato em 2018 para a sociedade julgar o que foi feito. Deveria ter apenas candidatos a deputados e não tenha candidato a presidente para que assim a sociedade e a história possa julgar. Agora, no governo do PT muita coisa boa foi feita: a interiorização das faculdades, cursos profissionalizantes. Em governo nenhum ninguém colocou universidade no interior. O filho do pobre hoje estuda em escola federal. Tem o programa luz para todos, dentre outras ações positivas do governo. Tem também ações que não foram boas. Não é um governo totalmente ruim, mas nem totalmente bom”, complementou.
Medeiros diz não ter destino ainda: “Aguardo que o partido me dispense porque não vou perder mandato. Estou na política. Eu tenho 50 leis aprovadas na Assembleia. Lei para o transporte público para o idoso é minha. As pessoas precisam analisar como um todo o mandato de um deputado”, encerrou.
Conversei ainda com Ronaldo Medeiros sobre o ajuste fiscal do governo e outros assuntos. Trago estes temas em uma postagem no dia de amanhã.
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