Na editoria das Páginas Vermelhas – do CadaMinuto Press – que vai às bancas amanhã, o leitor vai se deparar com uma entrevista com o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB). O chefe do Executivo fala sobre diversos assuntos, mas – mais uma vez! – também foca na crise que o país vivencia e os seus reflexos em Alagoas.

As declarações de Renan Filho são fortíssimas. Alerta? Alarme? Realidade? Bem, vai existir até os que achem que o governador está dourando a pílula, como se diz no popular. Eu estou entre eles. Todavia, o bate-papo de Renan Filho com a jornalista Candice Almeida mostra um governador que se diz distante do “tabuleiro político” para 2016 justamente em função de não poder se distrair e cair em desgraça, como ocorreu com o Rio Grande do Sul.

A linha é tênue. As dificuldades são muitas.

Qualquer distração pode resultar em um colapso nas contas públicas do Estado. Tanto é assim que Renan Filho não esconde que estuda novos cortes e passa a defender a CPMF como uma alternativa, ainda que faça a ressalva de que esta deve vir associada a um corte de gastos por parte do governo federal.

Uma das declarações mais fortes de Renan Filho é comparar a atual situação do país com o que se vivenciou na Grécia.  O chefe do Executivo estadual criticou o tamanho da maquina pública comandada por sua aliada política, a presidente Dilma Rousseff (PT).

Os gastos públicos do Brasil disparam ano a ano, comprometendo ainda mais um PIB que não cresce. “O Brasil ficou muito caro. Ele ficou muito grande. Não cabe mais dentro do PIB. Não dá para pagar juros, dívida, pagar previdência para pessoas que se aposentam com 45 anos. Não tem previdência no mundo que agüente. Foi o que houve com a Grécia”.

Como soará a entrevista de Renan Filho aos ouvidos dos ferrenhos petistas alagoanos que fazem parte de seu governo? Concordam que o inchaço da máquina e os elevados gastos públicos, ao longo da última década, foi o que trouxeram o Brasil até aqui?

Mas cabe outra pergunta também: o modelo de Estado que hoje é este mastodonte pesado nas costas do contribuinte é o mesmo da gestão passada de Dilma Rousseff. Então, por onde andava esta mesma visão crítica do atual governador?

Indagações de lado, Renan Filho acerta pontualmente ao analisar os males do Estado obeso. Tanto é assim que busca os cortes em sua administração. Acerta inclusive na comparação que faz com a Grécia e na ressalva logo em seguida: “a única diferença é que nossa economia é mais robusta, somos a principal economia da América Latina e eles são a Bolívia ou Paraguai da Europa. Nós, não. Nós somos uma economia forte. Mas, o Brasil não agüenta mais pagar esta conta”.

É verdade, governador!

Porém, a análise pontual precisa ser encaixada em uma conjuntura, sobretudo, quando se fala em América Latina. O Brasil por ser esta economia mais “robusta” é também o cofre que foi utilizado pelo PT para “aliviar” as dores de seus amigos ideológicos fornecendo empréstimos secretos e deliberando os rumos do continente, junto com Venezuela (que se encontra como se encontra), Argentina (e suas crises) e Cuba (que tem dificuldades para entender o que significa liberdade), em um deliberativo Foro de São Paulo, para o qual a mídia vira as costas e pouca fala sobre a sua influência nos rumos aqui dentro do Brasil e lá fora.

Um Congresso que se preze já haveria – há muito tempo – indagado detalhes do Foro de São Paulo e suas influências.

E todas as costuras – internas e externas – que nos levaram ao local onde nos encontramos, com uma crise econômica, política e ética, cuja conta só tem chegado aos brasileiros (com um governo federal que faz de tudo para se livrar da conta e manter o mimo dos seus) são de responsabilidades do Executivo federal ao qual Renan Filho e seu partido são aliados.

O governador mostra uma visão lúcida da situação atual. Fica devendo, em minha humilde opinião, a visão mais panorâmica em que inclui o “mea culpa” de ter apoiado o que aí se encontra em função da eleição que disputou. 

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