O governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), entrou em um “vespeiro” na manhã de hoje, dia 18, indo de encontro à opinião pública ao defender a criação da CPMF pelo governo federal como um importante instrumento de “transferência de recursos” do Sul para o Nordeste do país.

Renan Filho frisou que a criação do tributo tem que estar associada a “cortes na carne” por parte do governo federal. O chefe do Executivo frisou que a chance da CMPF passar pelo Congresso Nacional sem o apoio dos governadores ou de prefeitos é “zero”. Ele disse – inclusive – que Dilma Rousseff (PT) se encontra ciente disto.

A presidente viria ao Estado de Alagoas no dia de hoje, mas acabou cancelando a visita. Nos bastidores, a informação é de que Dilma não quis se expor diante do protesto que estava sendo organizado pelos prefeitos alagoanos. Alguns municípios fecharam as portas durante a semana.

Ainda no dia de hoje, os prefeitos se reúnem com Renan Filho para discutir alternativas para a crise. A reunião ocorrerá no Palácio República dos Palmares, na parte da tarde. Mas, retornando ao assunto CPMF, o governador destacou que o tributo “é muito criticado, mas quem paga mesmo a CMPF é o Sul do país. Para real que aqui a gente vai pagar em Alagoas, nós vamos receber cerca de R$ 6. Uma divisão justa. Alagoas sai ganhando com a CPMF. Este recurso é uma grande transferência de renda”.

Ora, não se trata de uma crítica à tributação pelo valor em si que será tirado do cidadão (este já paga uma das mais altas cargas tributárias do país e todo dinheiro que lhe é tirado a mais que isto, independente do valor, tem que ser discutido sim!), se trata da defesa de tese – mais uma vez – de que o cidadão, independente de ser rico ou pobre, é chamado para pagar a conta de um governo federal que se mostra incompetente e causador da crise; e ainda com um agravante: um governo federal que não corta na própria carne, mas sempre faz com que a crise pese ainda mais nas costas dos brasileiros, como se vê na situação dos municípios.

O governo federal deveria primeiro fazer a lição de casa, para depois querer discutir mais tributação. Afinal, sequer o corte no número de ministérios ou cargos comissionados que atendem a “companheirada petista” foram discutidos como deveriam. No mínimo, uma proposta como a CPMF deveria vir aliada com uma proposta do governo de austeridade com os gastos públicos. Não veio. Logo, qualquer apoio à CPMF é apoio a um governo que quer transferir esta alta conta para o contribuinte. Vale lembrar: quando aberta a porteira, onde passa boi passa boiada.

Mas a visão de Renan Filho é outra. Ele enxerga – como já havia dito – como uma “grande transferência de renda” entre Estados ajudando os governos mais pobres a superar a crise. “Quem reage é a Federal das Indústrias e os bancários porque o cidadão alagoano vai pagar muito pouquinho. Quem movimenta R$ 10 mil vai pagar R$ 38. Agora, uma grande empresa é que vai pagar e transferir dinheiro do Sul do país para o Nordeste”.

Segundo Renan Filho, “Alagoas vai receber R$ 1 bilhão”. “Eu digo isto e sei que sempre que se fala de imposto se é antipático, mas não gosto de fugir dos problemas, mas de falar da realidade. Acho que o governo federal tem que cortar na carne, mas é preciso ter aumento de receita se não vai prolongar a crise e nos fazer perder empregos”, frisou o peemedebista. 

Estou no twitter: @lulavilar