Eleitor da presidente Dilma Rousseff (PT) e com o Partido dos Trabalhadores na base de seu governo, o chefe do Executivo estadual Renan Filho (PMDB) avaliou a perda do grau do investimento do país como algo trágico que pode refletir no aprofundamento da crise que já é grave. Além disto, deu a entender que o ajuste proposto por Dilma e seu governo não tem líder para defendê-lo.

O governador tocou no assunto durante uma entrevista coletiva improvisada, na inauguração de uma fábrica em Alagoas. De acordo com Renan Filho, o assunto já é motivo de reuniões por parte do PMDB. “Reunimos-nos preocupados com isto”, frisou.

Se será a “cereja do bolo” diante de uma já tensa relação entre PT e PMDB com idas e vindas por parte do senador Renan Calheiros, por exemplo, é algo que só o tempo irá dizer. No Dia da Independência, a ausência de ministros peemedebistas ao lado da presidente Dilma Rousseff já foi sentida.

As declarações do governador – uma jovem liderança do PMDB no Nordeste – ressaltaram o papel de seu partido dentro desta conjuntura. Ou seja: um deslocamento da imagem do PMDB do campo dos protagonistas causadores da crise. Algo que pode ser uma estratégia de partido, já que a sigla não descarta – ao menos muitos peemedebistas defendem isto abertamente – concorrer ao Palácio do Planalto em 2018.

Renan Filho – ao falar das implicações da perda do grau de investimentos – ressaltou que os efeitos imediatos podem ser o “encarecimento da rolagem da dívida pública e mais dificuldades para as empresas no Brasil, bem como para o cidadão”, já que a economia deve sofrer um baque com a redução da confiabilidade do país.

Todavia, a parte mais forte da entrevista foi quando o governador considerou que o ajuste fiscal que vem sendo apresentado pelo governo federal como propostas sem lideranças. Eis a fala: “O Brasil precisa de um ajuste. Mas, um ajuste com alguém liderando”. Para bom entendedor meia palavra basta. Se falta um líder ao ajuste é porque este líder deveria ser a presidente da República que se encontra cada vez mais “encastelada” em função da alta taxa de rejeição, conforme as pesquisas de opinião.

A saída do vice-presidente Michel Temer da coordenação política já havia deixo isto bem claro. Renan Filho foi duro com o governo no qual ele votou e é aliado. E seguiu: “O Brasil precisa de um ajuste que corte gastos e obrigue o governo a cortar na carne e – se for necessário – que o governo proponha aumento de arrecadação”.

A questão que deve ser levado em conta, caro governador, é que o brasileiro já vem pagando muito caro pela atual crise. Impostos a mais parece não fazer muito sentido. O governo precisa mesmo é cortar e sequer cogitar mais arrecadação no sentido de aumentar a tributação para cima da população.

Renan Filho também frisou que é necessária “uma lógica ampla e geral para garantir a confiabilidade do país mais uma vez. O PMDB se reuniu mais uma vez pensando nisto, mas infelizmente o Brasil agora vai ter que correr para recuperar o grau de investimento”.

Pelas falas de Renan Filho se percebe que o PMDB cada vez mais se distancia da nau do governo federal. Resta saber se vai se desfazer de ministérios, afinal muitas vezes parte dos peemedebistas parecem uma “biruta de aeroporto” se esticam na direção do vento que sopre mais forte. 

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