Uma declaração do deputado Ronaldo Medeiros (PT) – em uma matéria do CadaMinuto – não me passou despercebida. Medeiros, ao comentar o projeto do governo do Estado de Alagoas para o reajuste dos servidores estaduais (5% no geral; 7% para a Educação) – deu a seguinte declaração: “A crise não está sendo levada a sério por algumas pessoas em Alagoas, porque o governo está adotando medidas para contê-la, está mantendo a regularidade dos pagamentos dos salários dos servidores, mas não poder dar reajuste para depois não conseguir cumprir”.
Olhem só, o deputado estadual do PT – líder do governo do PMDB – diz que o governador Renan Filho (PMDB) tem suado a camisa para que o alagoano não sinta a crise na real dimensão em que ela já se encontra. A frase vai neste sentido aí. Interpreto o que está lido lá.
Que bom que Ronaldo Medeiros – apesar do partido – tem tido uma visão para além e enxergado a situação em um nível que é muito mais próximo da realidade do que aquele que até então pintava o seu próprio partido. Afinal, a crise só foi reconhecida – de fato! – pela presidente Dilma Rousseff (PT) um dia desses...
Agora, ao afirmar que a “crise não está sendo levada a sério por algumas pessoas” é um pouco demais. Ela está sim, deputado. Tão a sério que nas últimas manifestações ocorridas contra o governo federal – em especial à presidente – foram mais de 10 mil pessoas às ruas da capital alagoana. Eu sei, eu sei, eu sei, deputado. São “coxinhas”. Não merecem crédito, não é?
Mas eu creio que a maioria que lá estava se encontrava muito mais motivada pela situação econômica.
Então, vamos às manifestações com um número razoavelmente menor: as que ocorreram com o apoio a CUT. Bem, defendem a presidente Dilma Rousseff, como o senhor mesmo defende deputado. É um direito legítimo. Mas, estas mesmas manifestações reconhecem a crise e reclamam do ajuste fiscal como saída. Não entro na questão do mérito, mas reconhece. Chamo atenção para um cartaz que estava em uma destas manifestações legítimas (desde que não financiadas pelo governo, claro!) que dizia assim: “Dilma fica, mas melhore mulher!”.
Pois é! Além do mais, a crise é visível a todos os brasileiros – e de forma bem séria – porque grande parte já se encontra preocupada com desemprego e aumento de preços. Todavia, concordo com o deputado: tem sido grande o esforço do governo estadual para tentar fazer com que os efeitos não sejam amenizados – dentro do possível – em Alagoas. Não por acaso, Renan Filho – que também votou pela matriz econômica que aí está – foi se reunir com Dilma em Recife, no dia 21, pela preocupação com o “efeito cascata” da crise no já combalido setor sucroenergético de Alagoas, que ao longo do tempo parou no tempo e não diversificou sua economia.
Que há esforço de fato há. Mas é o governo federal que o Renan Filho queria.
Medeiros ainda lembrou aos servidores que há uma crise sendo vivenciada no país. Aí tem mesmo deputado, mas veja só: a presidente Dilma – que é a presidente – só veio reconhecer um dia desse e ainda disse que talvez – só talvez! – tenha tomado medidas erradas ao longo deste processo.
No mais é o que disseram os servidores:
Girlene Lázaro, da diretoria do Sinteal, destacou que a categoria ficou surpresa ao saber, na noite de ontem, sobre o envio dos PLs, pois buscava a retomada das negociações com o Executivo, interrompidas, segunda ela, desde o início da greve, no dia 16 de julho. “Viemos para a porta da Assembleia porque soubemos que os projetos chegariam hoje e que as votações já ocorreriam amanhã. Com a explicação dada pelo deputado Antonio Albuquerque, nossa expectativa agora é que possamos ter um entendimento. Vamos insistir para que a negociação prossiga”, afirmou a sindicalista.
Cícero Lourenço, da direção do Sindprev/AL, classificou de “falta de respeito” do governo em relação aos servidores o encaminhamento dos projetos para apreciação dos deputados. “A vinda desses projetos foi não só uma surpresa, mas uma afronta, uma vez que só conversamos com o governador em junho passado e foram suspensas as negociações. Soubemos do encaminhamento das matérias pela imprensa, o que causou uma indignação na cagetoria. Achávamos que estávamos em uma negociação democrática, mas não estamos”, criticou.
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