Na recente eleição do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE/AL) – que colocou o conselheiro Cícero Amélio, ex-presidente daquela Corte, no cargo de corregedor. A voz que destoou foi a do conselheiro Anselmo Brito.
Brito questionou, inclusive, a legitimidade do processo com base nas denúncias existentes contra Amélio. Eu tratei do tema aqui neste blog. Há uma série de denúncias envolvendo o conselheiro Cícero Amélio e suas ações como presidente do TCE/AL.
Isto rendeu uma representação que resultou na inviabilidade da candidatura de Amélio à reeleição à presidência. Diante disto, uma composição ocorreu – quase que de forma natural, pela correlação de forças – em torno do nome do atual presidente, o conselheiro Otávio Lessa.
Com a aposentadoria de Luiz Eustáquio Toledo, ficou vago o cargo de corregedor. Amélio se colocou para o cargo. Só não teve o apoio de Anselmo Brito e de Otávio Lessa. Todavia, Brito bateu de frente – como diz no popular – com Amélio. História já contada em textos anteriores. Estão nos arquivos deste blog.
Por qual razão resumo esta história e a trago aqui novamente? Uma alegoria narrada pelo conselheiro Anselmo Brito – em suas redes sociais – nos apresenta uma epopéia trágica de certo Palácio de Vidro com Telhado de Vidro. Ora, ora...Tribunal de Contas, é você, meu filho? O conselheiro diz que é “somente coincidência” qualquer semelhança com a realidade.
O título do conto de Brito: “Construindo um Telhado de Vidro em Certo Palácio de Vidro”. Caros leitores, divido com vocês a narrativa de Anselmo Brito. São palavras do conselheiro, sem tirar nem por.
Construindo Um Telhado de Vidro em Certo Palácio de Vidro
Qualquer coincidência entre a realidade e este texto é isso mesmo, somente coincidência, pois não existem “Palácios de Vidros”,...
Junta-se um bom punhado de “amigos”. Coloca-se cada um deles em lugares-chaves. Extrai-se também de cada um o que podem “oferecer de melhor” – o que não deve ser muito -, alguns, descuidados, deixam cair a máscara, desvelando o viés lombrosiano para dar o “charme”, o tempero, inclusive para estágio.
A eles são dados os postos “sinecurosos”, que mesmo estipendiados com dinheiro público, não são controlados, comparecendo-se ou não, no horário ou fora dele, é-lhes garantido o recebimento (integral) dos valores por uma contraprestação também não aferível, quando alguma existe, uma vez que a competência, o comprometimento e o interesse público estão muito, propositalmente, além dos seus alcances e também, mesmo que se extenuem, não podem oferecer. Prebendas distribuídas.
Soma-se a tudo isso, a carta branca que é dada a esses “amigos” para tudo fazer, até de atentar quanto aos outros iguais (ou aos mais iguais “hierarquicamente” como poder administrativo), pois, desvaloriza-se a estrutura constitucional em nome da conversa de botequim institucional das sextas. Aonde isso vai levar? Mais à frente a resposta.
Além disso, deixar um sem número de outros integrantes de “postos não sinecurosos” em erro, negando-lhes o que é constitucionalmente garantido, é a maldade histórica, mas que funciona, pois os colocam a mercê do líder (pseudo). Pena que não se revoltam, pena que aceitam, pena que ainda não percebem a força que possuem e, as informações que detêm, não as utilizam por algum temor infundado, por isso, suplicam e não exigem. E a situação ainda pode agravar-se, quanto àqueloutros dos "postos sinecurosos", as suas demandas, são rápida e totalmente atendidas, em detrimento daqueles outros, aqui a impessoalidade é apenas algo sem significado e caso tenha algum, apontaria para a desesperança.
Em um ou noutro daqueles postos, também deve haver manancial para os “ghostbusters”.
É certo também que Estado de Direito, da lei, ou qualquer outra derivação feita capaz de entendimento pelo homem médio, em nossa realidade, é um “mito”, é uma quimera, passa até mesmo a ser um devaneio. Atitudes açodadas, travestidas de modernidade, “infladas” de eficiência, dão a tônica para que se parta do nada e aporte-se, tranquilamente, em lugar nenhum. Não podemos ter a dúvida que é isso o buscado! O entretenimento malicioso, o oba-oba folclórico, a operação São João (pular fogueiras), nada retrata, o mais fielmente possível, o estado de nossas coisas.
Já íamos nos esquecendo das figuras importantes dos “ditadores”, mesmo daqueles que ainda têm a “rispidez” de caráter, por isso mesmo teimam em não deixar, com a facilidade que o comandante da hora possui, de fazer-se o que é público como extensão do seu quintal, o que naturalmente incomoda àqueles que fazem do posto público, “bico”; daqueles que não podem dedicar um segundo a mais do seu tempo naquele posto, pois já têm outros compromissos ou negócios mais importantes, ou seja, é um “dinheirinho” a mais (com alguma, quando existe, contraprestação sofrível) e sendo público, sem controle, parece ser melhor ainda. Assim, existia um que tinha a seguinte saudação: “Heil Hitler”, copiada e adaptada dos romanos, odiosa, irrepetível, é fato, mas que poderíamos usar, devidamente atualizada, para espantar ou trazer a luz solar as mazelas que vemos dia após dia, não como surpresas ao acontecerem, mas como tristezas que ao homem, verdadeiramente público e “sem compromissos menores”, causam. Desta forma, que tal: “Salve serviço público”; “Salve recurso público”; “Salve competência”; “Salve comprometimento”; “Salve isonomia”; Salve impessoalidade”; “Salve transparência”; “Salve finalidade pública”; “Salve decência”...?
E ao final está pronto, o que era para ser técnico e profissional, passa a ser uma grande tertúlia (e nada mais), que de dois anos para “frutificar”, passado quarto e meio, apenas demonstra que não há diferença com o que já consumiu o quase septuagenário. Como certa letra de música, “palavras ao vento” escamoteando o que verdadeiramente acontece. Longe do Maranhão, é o próprio maranhão.
...telhados de vidros, sim!
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