O que era esperado para o dia de hoje, 20, aconteceu: o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) e o senador Fernando Collor de Mello (PTB) foram os primeiros políticos a serem denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por conta do suposto envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-jato.
Tanto Cunha como Collor são citados nas delações premiadas e – conforme o entendimento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot – há indícios fortes do envolvimento de ambos no esquema de corrupção que abalou o país e arrastou o Partido dos Trabalhadores (PT) para a lama. Reflexos do aparelhamento das estatais por parte do governo federal. Uma prática que parece ser comum no governo petista.
De acordo com informações da Jovem Pan, a denúncia foi encaminhada ao STF às 13 horas. Collor e Cunha são acusados de receberem propinas referentes a contratos da Petrobras. Vale salientar que Collor não é o único senador alagoano investigado. Os senadores Renan Calheiros – presidente do Congresso Nacional – e Benedito de Lira (PP) também são alvo da Lava-jato e devem, no decorrer do processo, também ser denunciados.
Além deles, outro alagoano citado é o deputado federal Arthur Lira (PP). A expectativa é de que também haja denúncia. Se depois de recebidas as denúncias, o STF aceitar, Collor e Cunha tornar-se-ão réus na Justiça. Se culpados ou inocentes, a palavra ficará com o Supremo.
Para Cunha, os reflexos políticos trarão desdobramentos mais severos do que para Collor. O principal opositor de Dilma Rousseff no governo federal pode perder forças dentro da Câmara e não conseguir seguir com pautas que incomodam o Executivo, inclusive a de impedimento da presidente.
Além disto, pode aumentar a pressão para que Cunha também deixe o comando da Casa por conta das denúncias. Todavia, tudo indica que o presidente da Câmara fará de tudo para se manter no cargo e tentará ampliar a artilharia para cima do Palácio do Planalto. As denúncias agravam ainda mais a tempestade perfeita vivenciada em Brasília.
Collor tem menos a perder, porém deve atacar mais uma vez o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
No caso de Cunha, ele é acusado de receber US$ 5 milhões de dólares para facilitar a contratação de navios-plataforma da Petrobras pela sul-coreana Samsung Heavy Industries. Já Collor, teria recebido R$ 26 milhões em propinas entre os anos de 2010 e 2014 para favorecer contratos com a BR Distribuidora.
As denúncias dos dois políticos fazem com que outros investigados estejam apreensivos em relação aos próximos passos do MPF. Não é por acaso que Renan Calheiros – também no centro do escândalo – tem se aproximado do governo e investido forças em uma Agenda Brasil que o coloca como “salvador da pátria”.
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