O ex-governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), que sempre se orgulhou da relação republicana que tinha com a presidente Dilma Rousseff (PT), inclusive evitando críticas mais duras ao governo federal quando sentado na cadeira principal do Palácio República dos Palmares, foi bastante duro em suas palavras ao discursar contra o PT durante o evento que busca filiações para o “ninho tucano”.

Vilela – diante da boa relação que teve com o governo federal petista nos últimos anos – chegou a ser chamado, pela mídia nacional, de tucano de estimação da presidente. Porém, na manhã de hoje, o ex-governador foi enfático ao responsabilizar o Partido dos Trabalhadores pelas “múltiplas crises vivenciadas pelo país”.

“Precisamos unir milhares de brasileiros na construção de um novo projeto de país para sairmos das múltiplas crises que são as crises ética, moral, política, econômica e social. Temos que redobrar a nossa responsabilidade de levar ao Brasil a presença do PSDB”, colocou.

De acordo com Vilela, o país dá o recado de que espera mais do “ninho tucano” assumindo uma posição antagônica ao atual governo que – nas palavras do ex-governador – “tomou de assalto o Estado nacional”. Bem, ao enxergar um panorama histórico é difícil enxergar este antagonismo todo que alimenta a dicotomia brasileira entre petistas e tucanos. Se de um lado há petistas com muito a explicar, do outro lado há tucanos assim também.

Mas, um ponto precisa ser posto: recentemente a corrupção nas estatais brasileiras – assim como no mensalão do passado – se apresentam como um meio de manutenção no poder. Do outro lado, quem poderia ser oposição, sempre sendo pressionado a se posicionar, optou por posições dúbias, quando não covardes. Eis uma boa parte dos tucanos aí.

“Nós somos convocados pelos brasileiros”, colocou ainda Vilela. Vale lembrar que – por parte de muitos movimentos que vão às ruas – o PSDB é colocado ainda como mais um partido no campo da esquerda brasileira, sendo apenas a direita do PT e não uma direita em si. Nunca houve agenda liberal ou conservadora naquele partido.

E há críticas em relação a muitas posições do PSDB ao longos dos últimos meses, inclusive o “racha” no “ninho tucano” em relações às questões como o impedimento da presidente, por exemplo. O PSDB nunca comprou a agenda das ruas por completo. E há – como em todos os outros partidos – representantes seus envolvidos em escândalos de corrupção. Ora, quem for podre que se quebre.

Outro ponto forte do discurso de Vilela foi sair em defesa dos feitos do governo de Fernando Henrique Cardoso, FHC (PSDB). De acordo com o tucano alagoano, o ex-presidente mudou os rumos do país trabalhando – desde a presidência de Itamar Franco – pela estabilidade econômica do país.

“Tiramos o SUS do papel. Foi criado o Fundef, os primeiros programas de transferência de renda que transformaram este país”, citou. O mal desta dicotomia PT x PSDB que tem tomado o país são as discussões com o olhar no retrovisor, quando os desafios para o futuro nos cobra um projeto que nenhum dos partidos políticos existentes apresenta, o que incluiu reformas estruturais que versem sobre empreendedorismo, maior liberdade econômica e menos peso do Estado sobre o contribuinte.

Sair da dicotomia é também um desafio. As manifestações de ruas acertam quando se mostram apartidárias e apenas com o apoio da própria população que tem críticas bem mais amplas do que aqueles que – por conta de sua matriz ideológica – o PSDB tem condições de fazer.

Em todo caso, Vilela buscou – em seu discurso – atrair os que estão insatisfeitos com o país, mostrando o PSDB como uma opção viável. Será que realmente é? “O PSDB tem posição clara: não fazer oposição contra o Brasil, mas pelo Brasil. Nós (os tucanos) não permitiremos que tendo feito (o governo federal) o que eles fizeram, ousem se confundir com o país. Eles (os petistas e seus aliados) não são o Brasil. Quem vai com as armas nas mãos para as ruas não é o Brasil, mas o PT e seus aliados”.

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