Na manhã de hoje, dia 11, conversei – em meu programa na Rádio Jornal AM-710 – com o vice-governador e secretário estadual da Educação, Luciano Barbosa (PMDB). Durante o papo, tocamos em várias questões envolvendo a pasta comandada por Barbosa.

Amanhã disponibilizarei a entrevista na íntegra aqui neste blog. Hoje, vou tocar em alguns pontos em que Luciano Barbosa se posiciona em relação a uma crítica que fiz aqui neste espaço.

Na semana passada disse – e apresentei esta crítica ao próprio secretário – que havia um “encastelamento” na pasta que impedia que as pessoas enxergassem a “revolução” em andamento da qual tanto fala o governador Renan Filho (PMDB).

Nos seis primeiros meses de gestão – por exemplo – Barbosa enfrentou diversos problemas – grande parte deles envolvendo os contratos da gestão – e ações na busca por mudanças de rumo soaram de forma abrupta sem que se realmente se identificasse onde a gestão peemedebista queria chegar.

A crítica está em postagens anteriores deste blog. A primeira pergunta da entrevista foi justamente esta. De forma objetiva, quais os rumos da pasta da Educação nesta gestão de Renan Filho. Barbosa colocou – em outras palavras – que se iniciava por uma mudança de filosofia.

Segundo o secretário, nas gestões passadas ao se concentrar os recursos da pasta em “quatro, cinco ou seis contratos”, a Educação não conseguia investir na base da pirâmide. Ou seja: um modelo de gestão – em sua visão – que não priorizou as escolas da rede estadual.

Eis o que diz o secretário: “o grande problema na pasta da Educação era a alocação dos recursos. Precisamos pensar no que se faz com o recurso da Educação priorizando o investimento na base da pirâmide”.

Barbosa ainda complementa. De acordo com ele, os passos de sua gestão serão focar em três questões as quais considerou fundamentais: melhorar e ter um modelo  de gestão compatível com a Educação da segunda década do século XXI; investir na questão pedagógica e priorizar recursos humanos.

“São estes recursos humanos que fazem a escola”, frisou. Como terceiro eixo no qual diz centrar as ações da pasta está investimento em infraestrutura física e tecnológica que as escolas têm que ter. Com isto, temos que construir uma matriz com prazo para que possamos perseguir estas medidas".

Guardem – caro leitor – estes três eixos. Pois, Barbosa respondeu justamente o que eu cobrava aqui neste blog. Saber para onde o titular da pasta mira e a partir daí uma tarefa de todos nós alagoanos: fiscalizar e cobrar resultados no médio e longo prazo. Afinal, é a área prioritária para o próprio governo.

Por falar em recursos, Barbosa destaca que – em sua visão – é preciso inverter uma lógica que antes imperava na pasta. "Nossa prioridade é aplicar os recursos na base da pirâmide - que são as escolas - e não no topo da pirâmide. Estas mudanças estruturais são difíceis de argumentar. Mas é preciso investir em escolas. Não podemos ter escolas deterioradas e em um estado completo de caos".

O secretário faz o mea-culpa ao dizer que se comunicou mal no início por conta de seu perfil. “Eu falo pouco, dou poucas entrevistas. Para um homem público isto é um defeito”, salientou. Digo: não é pela quantidade de entrevistas, mas pela necessidade de se compreender os objetivos, os conceitos e os meios para se atingir tais objetivos.

É uma crítica – por exemplo – que faço ao próprio slogan do governo que avisa que vai se chegar lá. Bem, lá é apenas um advérbio de lugar. A questão é “lá” aonde? Há quem diga que é só um detalhe. Preciosismo do Luis Vilar, dirão. Pois bem, eu prefiro seguir acreditando que grandes coisas podem se esconder nos detalhes e por isto precisamos estar atentos e indagando-os.

Como disse – e repito – Luciano Barbosa já demonstrou capacidade administrativa na gestão municipal de Arapiraca. Saiu de lá elogiado. Ao questioná-lo da forma como fiz no blog e na rádio, não o fiz por duvidar. Fiz com a honestidade intelectual de quem busca entender o rumo da Educação diante dos atropelos do início inclusive com boas ideias como a municipalização do Ensino Fundamental e o ICMS Educação.

É por isto que já questionei o “lá” do slogan do governo. Eu sei que o governo sabe qual é este “lá”. Eu só quero que ele seja mais claro a quem acompanha o Executivo. Para que possamos efetivamente concordar ou discordar do “conceito”.

Bem, retomando ao tema Educação. Outro ponto da entrevista de Luciano Barbosa que vale ser destacado é quando ele diz o seguinte: “as primeiras medidas – do ponto de vista concreto – era mudar o conceito da Educação em Alagoas. O conceito estava errado. Quando olhamos para as contas da pasta da Educação todas elas cabiam em quatro ou cinco contratos que minguavam dentro da própria secretária”.

Ou seja: ele expõe um modelo de gestão centralizada que – em sua visão – não deu certo e agora aponta para uma, ao menos é o que se compreende do que ele explica, uma gestão descentralizada e meritocracia. “Tinha contrato que foi de R$ 19 milhões para R$ 54 milhões que era do transporte escolar. Víamos uma disparidade muito forte em relação aos outros estados. Os recursos estavam todos nestes contratos. Era preciso mudar".

Ele segue: "Os contratos existentes na Educação exauriam possibilidades de mudanças concretas nas escolas do Estado. Era preciso mudar isto. Há uma mudança. Só que a mudança deste conceito, o tamanho desta mudança, não se dá pelos discursos meus. Houve uma reverberação por parte dos que se sentiram incomodados pelo aperto que foi dado. De tal sorte que é uma manifestação concreta de que está havendo mudanças efetivas em nossa Educação".

Em relação ao transporte escolar e a municipalização do ensino fundamental, eu questionei se havia a resistência por parte dos prefeitos. Afinal, muito disto era dito nos bastidores. Barbosa respondeu: "64 municípios estão com transporte escolar municipalizado. Há uma possibilidade de chegarmos a 80 municípios até o fim do ano. No ano que vem o objetivo é chegar a 101. É um processo que acelerou. Os prefeitos abraçaram a causa. Eles entendem”.

“Na municipalização do Ensino Fundamental está em curso. A secretária - em alguns casos - chegou até a frear o avanço disto para não fazer de forma açodada. Mas achamos que quem mais tem condições de cuidar do Ensino Fundamental é o município, para que o Estado cuide do Ensino Médio que é o gargalo no Brasil e em especial no Estado de Alagoas", complementa.

Veja que há uma definição de foco no Ensino Médio. Quanto falo em meritocracia é porque destaco esta fala aqui: "Acabamos com as indicações políticas dos coordenadores de ensino na Educação de Alagoas. Eles foram escolhidos pelo melhor Ideb da região. Tinham pessoas indicadas há 20 anos por um determinado grupo político. Isto gerava uma falta de sintonia entre a Educação e as coordenadorias. Foi uma mudança de conceito. Parabenizo os deputados por entenderem esta mudança".

Bem, o objetivo é trazer um pouco do que o secretário pensa. Amanhã publicarei na íntegra a entrevista para que o leitor possa comparar muito do que foi dito com a crítica que aqui fiz. Aconselho a vocês a leitura da entrevista amanhã. Tocamos em pontos - eu e Barbosa - que geraram bons debates, como o Plano Estadual de Educação por exemplo.

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