Ninguém merece ser condenado a viver exclusivamente da benevolência alheia. Solidariedade - obviamente - tem que ser sentimento sempre presente em nossos corações. E nada mais solidário do que trabalhar pensando em um contexto onde o próximo - por mais distante que ele esteja - seja livre dentro de um contexto de igualdade de oportunidades para que este possa apostar em seus talentos. E assim lucra ele, lucramos nós com o que é produzido em termos de riqueza.
O estímulo a qualquer igualdade que nivele por baixo não produz igualdade, mas servidão a um monopólio burocrático em que os que se julgam mais sábios vão sempre se achar donos de fórmulas para a felicidade alheia e se sentirão os mais benevolentes por simplesmente condescenderem à massa de desassistidos o direito de sobreviver.
Reconheço que há até nobres ideais e romantismo entre muitos engenheiros sociais. A questão é que o governo deve sim assistir - como diz o próprio Milton Friedman - dentro de um ambiente onde a igualdade de oportunidades é falha. Mas assistir não pensando na administração da miséria, mas em servir e focar em condições onde este próprio homem possa dentro do menor tempo possível se libertar desta assistência e investir em seus talentos. Empreender.
E assim, ser dono de sua própria vida devolvendo ao mundo a solidariedade que recebeu do alto de sua dignidade conquistada. O Estado lhe será um servo e não um patrão. A vida lhe será um palco de realizações onde pagará por suas escolhas, colhendo bônus e ônus. Coisas que a vida traz a todos nós quando arriscamo-nos.
O conceito mais justo de justiça é aquele onde recebemos por nossos talentos e pagamos por nossos erros. Claro que neste caminho, podemos ser vítimas de circunstâncias que independem de nós, não havendo a quem culpar por tais injustiças. Eu creio que nestes casos, devemos abandonar o vitimismo que paralisa, recorrer a solidariedade dos que nos amam e nos reestruturarmos e lutarmos pela felicidade sempre enquanto houver vida.
Discordaram de mim os que creem em paraíso na terra. Eu não creio ele. Creio que injustiças sempre existirão e precisamos estar sempre alertas na luta contra ela, seja contra nós, seja com os que pensam como a gente, ou contra os que divergem de nós. Injustiças contra nossos adversários precisam continuar sendo injustiças para que não percamos jamais a noção entre o que é o bem e o que é o mal. Quem adere o contrário, abre as portas para que o mal visite sua casa.
Quando tal mal adentra o teu lar, por mais bem intencionado que você seja para com os seus, tal seletividade fará de ti um autoritário. Um déspota que se acredita esclarecido. Serão os conselhos de Maquiavel ao teu ouvido e não os ensinamentos do Cristo.
Utopias quando viram camisas de força deixando de lado a realidade e a subjetividade humana e suas potencialidades incalculáveis sempre renderam distopias e com elas mortes. Sejam as convicções mais conservadoras, as mais liberais, ou as comunistas.
Um homem pode até optar pela servidão. É o exercício da liberdade. Mas para ele optar por isto é necessário que conheça a liberdade. Um homem - em sua liberdade - pode até optar por não querer pensar. Por ser sempre um feno empurrado com o vento. Todavia, deem a ele o direito de escolher se vai ser autor de seu destino ou amante das correntes. Eu tenho fé que sempre a escolha de um homem será por ser dono de si mesmo.
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