Uma das principais promessas do governador Renan Filho (PMDB) foi a de promover uma revolução na Educação, incluindo a contratação da reserva técnica que tanto espera e promovendo novas filosofias para a pasta. Tanto é assim que deslocou para o comando da Educação estadual o seu vice-governador Luciano Barbosa (PMDB).

Ora, na campanha eleitoral tratar do tema rendia dividendos políticos. Isto era inegável. O Estado de Alagoas assistiu – na reta final da gestão de Teotonio Vilela Filho (PSDB) – a pasta ser entregue de porteiras fechadas a um grupo político. Com isto, as críticas – já existentes – se intensificaram. O próprio ex-governador, em diversas entrevistas, reconheceu que poderia ter feito mais pela Educação.

Renan Filho – na época na condição de pedra e não de vitrine – explorou por diversas vezes as declarações do próprio Vilela. No início de governo, encaminhar Luciano Barbosa para a pasta também foi uma excelente iniciativa. Barbosa era o bem avaliado prefeito de Arapiraca. Tinha tudo para alcançar o status de super-secretário, uma vez que sua indicação para vice também contribuiu e muito junto à opinião pública em função da imagem que trazia de administrador eficiente e um político com “perfil técnico”.

Não questiono as intenções do governo, nem do próprio Barbosa. Questiono os resultados. Sei que na Educação há pessoas dedicadas a tentar mudar a realidade, só que ainda não se viu passos eficazes que façam com que se enxergue no comando da Educação a revolução prometida pelo governador. É de se perguntar: ou é uma revolução extremamente silenciosa que surpreenderá a todos, ou é inexistente.

Por falar em silenciosa, é de se estranhar que – em pleno movimento de greve dos professores da rede estadual – não se “escute”, nem por meio de fontes oficiais, a fala de Luciano Barbosa. O vice-governador – que é o titular da pasta – se tornou encastelado, de poucas falas, se comunica muito pouco, principalmente depois das primeiras turbulências que enfrentou, como a questão envolvendo o transporte escolar que resultou na trapalhada da Lei do Passe Livre.

Naquele momento, Renan Filho teve a grandeza e a humildade de voltar atrás. Diz o governador que após ouvir pais e mães. Todavia, já tinha – por conta da ideia açodada – feito o parlamento estadual passar o vexame que passou. Até deputados que eram contrários ao Passe Livre votaram a favor dando um crédito ao governador para depois não verem a lei sancionada.

Há “arestas” por esta ação política até esta data, haja vistas declarações do deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB) que – ao criticar uma “ausência de rumos do governo que não disse a que veio ainda” (palavras de Cunha) – lembrou do episódio. Mas não foi o único. São pequenos detalhes que mostram – nas entrelinhas – coisas gigantes.

Nas discussões sobre o Plano Estadual de Educação (PEE) – que será analisado pela Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas – Luciano Barbosa pouco falou também. Recebeu pais e mães para discutir sobre a presença de militância no Plano, mas também demonstrou uma postura tímida conflitando com o que se esperava da gestão do peemedebista. Com isto, a maioria dos alagoanos não consegue enxergar qual o rumo da pasta. Pode até ter, mas é difícil de visualizar quando o governador ou seu vice não explicita de forma objetiva saindo do campo das subjetividades da campanha que – lá sim poderiam ser! – eram resumidas no vocábulo “revolução”.

Que revolução é esta?

Luciano Barbosa iniciou a gestão com uma ideia muito boa: o ICMS Educação. Como anda a questão? Ninguém mais ouve falar.

Foram sete meses em que prevaleceu polêmicas. Recordo de poucas longas entrevistas do secretário tentando esmiuçar seus planos. Uma delas a este blog, quando mostrou de forma detalhada os destinos dos recursos da pasta. A outra, muito boa e detalhada, foi dada à jornalista Goreti Lima, na TV Assembleia.

De lá para cá, pouco se sabe o que pensa o secretário. Quanto tratado pelo governador, os temas da Educação são feito de forma tão tímida quanto. Agora, mais um obstáculo: a greve. Enfim, sete meses em que a sensação é que poucos passos foram dados. Até a Escola de Tempo Integral – que seria uma bandeira da Educação – parece se resumir a uma experiência de laboratório. Alagoas já foi laboratório para muita coisa. Para muita ideia boa que com o passar do tempo foi deixando de lado ao ponto de não se tornar mais que um laboratório, por melhor que tenha sido a prática deste.

Não podemos mais ser reféns disto.

O governo não mostra o conceito consistente do que quer para a Educação. Como conquistar a confiança de pais, mães, alunos e da população em geral? Quando não há um conceito firmado, um governo se torna meramente midiático e joga suas fichas naquilo que a opinião pública aplaude e não no que realmente ele pensa ser o caminho, um projeto.

É o que acontece agora com a questão da Defesa Social. De uma hora para a outra, a pauta é a redução da criminalidade. Que bom que o governo tem alcançado tal feito. Não se trata de desmerecê-lo. Trata-se apenas de lembrar que há outras pautas urgentes no Estado. Entre elas, a Educação. E é justo que se cobre de Renan Filho o que ele prometeu: a revolução para a pasta.

Claro que ela não pode ser feitas do dia para a noite. Nem será. Mas quais são os passos que estão sendo dados? Até os passos que seriam dados esbarraram em polêmicas, entre eles: 1) o transporte escolar; 2) o passe livre; 3) a greve dos professores.

Por fim, não estou aqui questionado a competência de quem quer que seja. Até porque acredito que há muita gente competente na pasta e disposta a fazer a diferença. Estou questionando é onde está o que foi prometido pelo governador? Cadê os passos iniciais de um processo que seria para ontem, nas palavras do chefe do Executivo?

Estou no twitter: @lulavilar