O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB) - após o rompimento do presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) com o governo federal - escolheu as redes sociais para se manifestar em um vídeo de aproximadamente 20 minutos. Calheiros colocou mais lenha na fogueira. A reação dos blogs governistas foi imediata.
O peemedebista que comanda o Senado Federal há tempos já era visto como um dos “inimigos” do governo ao qual sempre deu sustentação no próprio Senado e na articulação política. Calheiros - não esqueçamos - é um dos que deram a benção a aliança tumultuada entre PT e PMDB. Foi assim, inclusive, em Alagoas quando o governador Renan Filho (PMDB) - na época candidato ao Executivo estadual - foi o postulante de Dilma Rousseff ao Palácio República dos Palmares.
O presidente do Senado - por sinal - foi o motorista do “rolo compressor” do final do primeiro mandato de Dilma Rousseff quando esta precisou do Congresso para a revisão de suas metas fiscais. Calheiros - portanto - não pode ir a televisão se dar ao luxo de desconhecer os rumos do governo desde então. Sabe muito bem a matriz econômica que deu no que deu trazendo agora a conta por meio dos “ajustes fiscais” que hoje ele condena.
Mais que isto: Renan Calheiros é um grande enxadrista político. Portanto, fica difícil de acreditar que não tinha o conhecimento de muitos dos bastidores de Brasília que já sinalizavam para o momento de agora. É possível que - ao jogar lenha na fogueira - Calheiros inclusive esteja olhando para mais adiante.
Em todo caso, em seu pronunciamento, o senador peemedebista disse que não classificará agosto (o retorno o recesso parlamentar) como “negro”, muito menos o mês seguinte de setembro. “Mas serão meses nebulosos”, afirma Renan Calheiros. O presidente do Senado avaliou que vem por aí uma “agenda pesada”.
Dizem - nos bastidores - que Renan Calheiros é o próximo alvo de ações com base nas investigações da Polícia Federal por conta de seu suposto envolvimento no esquema da Operação Lava jato. Que danos isto causará ao peemedebista e ao Senado Federal só o futuro dirá. Atualmente, Renan Calheiros - assim como Cunha - já tem se comportado muito mais como um opositor do que como um aliado.
A grande alfinetada de Renan Calheiros no governo - durante seu pronunciamento - é quando afirma que “estamos (os brasileiros) assistindo o filme de terror sem fim”. Calheiros fala como se ocupasse uma das poltronas do cinema que exibe a película. Todavia, é válido lembrar que o senhor senador Renan Calheiros sempre foi um protagonista neste governo. Agora, no que considera as cenas mais picantes deste dramalhão quer sair da tela? Ora, os brasileiros exigem o filme sem cortes.
Quem tiver culpa no escândalo que assola a República que pague. Pois, o gênero desta película em qualquer locadora já saiu da estante Democracia para ir para a estante Cleptocracia, onde os que foram alugados com facilidade são aqueles que se esconderam por traz de uma governabilidade que na verdade era fisiologismo.
Em relação ao PMDB, o partido em si não se limpa se virar oposição. Ele apenas muda de trincheira. Em relação ao senador, que as investigações sigam e mostre quem é quem. Culpado, que pague. Inocente, que tenha a inocência reconhecida.
Afinal, como disse o próprio senador no comunicado que foi às redes sociais: “todos devem responder às demandas da Justiça, particularmente os homens públicos”. Obviamente, isto incluiu o próprio, já que ele configura na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Toda a sociedade, caro Renan Calheiros, espera o fim do filme. Que os vilões tenham o lugar merecido.
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