A revista Época – neste fim de semana – buscou detalhar a forma como o senador Fernando Collor de Mello (PTB) conseguiu comprar pelo menos um dos seus carros de luxo. De acordo com a reportagem, foi utilizada uma empresa de fachada para adquirir bens numa operação que pode ter lavado dinheiro de propina.
Trata-se da empresa Água Branca Participações. Segundo a reportagem, ela foi usada pelo ex-presidente Fernando Collor para comprar carros luxuosos. A questão é que conforme as investigações a empresa não tem empregados. Ela também não teria sequer existência física.
As informações apontam que o endereço cadastrado como sede é na verdade o endereço de outra empresa. Portanto, há a suspeita por parte dos investigadores de que se trate de uma “pessoa jurídica de fachada para lavagem de dinheiro”. É o que aponta o relatório da Procuradoria-Geral da República.
Detalhe: segundo a PGR, a Água Branca recebeu R$ 930 mil apenas em 2013. Este dinheiro teve como origem – segundo a investigação – a Phisical Comércio, que é apontada como empresa fantasma. Ela é abastecida pelo operador de propinas Alberto Youssef. “Fechava-se o caminho do dinheiro”, afirma Época.
São três delatores que apontam o envolvimento de Collor nos esquemas denunciados pela Lava jato. Eles sempre apontam entrega de dinheiro vivo para o senador do PTB. Vejam este trecho da reportagem: “o assessor Rafael Ângulo, responsável pelos carregamentos de dinheiro a mando de Youssef, detalhou uma entrega de R$ 60 mil, e narra, sem floreios, a naturalidade com que o ex-presidente recebia a propina”.
O que diz Collor. Eis: “A defesa do senador Fernando Collor repudia com veemência a aparatosa operação policial realizada nesta data em sua residência. A medida invasiva e arbitrária é flagrantemente desnecessária, considerando que os fatos investigados datam de pelo menos mais de dois anos, a investigação já é conhecida desde o final do ano passado, e o ex-presidente jamais foi sequer chamado a prestar esclarecimentos.”
Em relação às denúncias mais recentes, o senador Fernando Collor encaminhou mais uma nota, buscando explicar a denúncia. Collor rebate o Jornal Nacional, mas as denúncias são praticamente a mesma e tem como alvo as operações envolvendo a Água Branca. “A propósito da notícia veiculada na edição de hoje do Jornal Nacional, é importante esclarecer que a Água Branca é uma empresa de participações e investimentos, sendo próprio de sociedades dessa natureza a propriedade de bens e ativos diversos. A empresa é devidamente registrada na Junta Comercial tendo como sócio principal Fernando Collor de Mello, participação também informada à Receita Federal na declaração anual de rendimentos do senador”.
A nota ainda afirma que “sendo conhecido e publicamente declarado o relacionamento do senador com a empresa Água Branca, não é minimamente razoável apontá-la como suposta empresa de fachada, como faz a reportagem. As informações relacionadas à aquisição do veículo Lamborghini também não são verdadeiras, sendo omitidos esclarecimentos sobre a dação de outro veículo como entrada e sobre o parcelamento do saldo remanescente”.
“Importante registar que, embora tenha estado a todo tempo à disposição das autoridades competentes, o senador jamais teve a oportunidade de sequer ser ouvido, momento em que fará todos os esclarecimentos sobre os fatos que lhe têm sido atribuídos a partir de versão unilateral e tendenciosa”, coloca ainda o senador por meio de nota.
“A exploração diária de notícias já conhecidas é característica de clara publicidade opressiva, que em nada contribui para o exame sereno dos fatos”, finaliza.
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