Para os peemedebistas, o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) jogou uma bomba dentro do partido. O PMDB - nos últimos tempos - tem sido um misto de oposição e situação. Bate no governo, mas faz questão e manter os seis ministérios que possui. Trabalha contra dentro do Congresso Nacional, mas sabe se aproximar quando é necessário.

Reforça algo que já havia dito aqui neste blog. O partido poderia adotar a biruta de aeroportos como símbolo, pois está tendo que sempre estar em vigilância e estudando o direcionamento dos ventos. O problema é que em uma tempestade como esta a coisa mais difícil é manter uma certa previsibilidade. 

O partido foi atingido em cheio pelo posicionamento de Cunha. Agravou algo que já existia dentro da legenda: as divisões por setores. Parte do PMDB é oposição; uma outra parte é situação. Ainda há a parte que faz questão de dizer que não é nem um nem outro. O famoso bordão: “independente”.

O rompimento de Cunha com o PT se deu no recesso. É esperar o retorno para saber como se comportará o partido no Congresso. Vale salientar uma frase de um dos peemedebistas-mor - o senador e presidente do Senado, Renan Calheiros - quando afirma que virão meses nebulosos. É, virão. 

Cunha já mandou tirar da gaveta CPIs e pedidos de impedimentos da presidente da República, Dilma Rousseff (PT). Apesar de negar, vai sim usar o cargo para prejudicar o governo federal e encontrará apoio em parte da opinião pública que acha que os fins justificam os meios diante da revolta com o petismo. 

Conversei com o único deputado federal do PMDB por Alagoas. Trata-se de Marx Beltrão. Indaguei logo de cara se ele era oposição ou situação diante do atual cenário. Beltrão faz parte da turma que se declara “independente”. Falamos sobre a coletiva bombástica de Eduardo Cunha.

O parlamentar alagoano coloca: “Eduardo Cunha rompeu por uma questão pessoal dele. Ainda não houve uma reunião de bancada, o que deve haver depois do recesso. Não dá para tomar posições pelo que vemos na imprensa. É preciso ouvir as razões do Cunha em uma reunião de bancada. Todo deputado - do ponto de vista pessoal - tem o direito de ser ou não governo independente da posição do partido”.

Marx Beltrão acompanharia Cunha na oposição? Ele mesmo responde: “Claro que quando eu voltar do recesso vou conservar, assim como deve conversar com toda a bancada para explicar os motivos. Se os motivos forem convincentes naturalmente terá o apoio da bancada. Será discutido”.

Dá para perceber que o tom de muitos peemedebistas é de cautela diante da tempestade que envolve PT e PMDB. “A bancado do PMDB sempre foi muito dividida. 1/3 já faz oposição. 1/3 segue a linha e o outro é independente. Eu estou entre os independentes. Eu sigo as minhas convicções. Se o Eduardo for convincente e mostrar que o caminho de oposição é melhor, eu seguirei. Para tomar minha decisão pessoal, tenho que escutar a bancada. Vou analisar o caso bem friamente, bem com calma”.

Assim como Marx Beltrão, muitos peemedebistas aguardam os próximos capítulos do anunciado  - pelo senador Renan Calheiros - filme de terror sem fim diante das crises ética, moral, política e econômica que toma conta de Brasília (DF).

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