Conversei com o deputado federal Marx Beltrão – o único representante do PMDB na bancada federal alagoana – sobre como ele tem enxergado o partido diante da atual crise política vivenciada no país.
Em Alagoas, o PMDB fez “barba, cabelo e bigode” ao comandar os destinos do Palácio República dos Palmares e da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas. Além disto, possui o presidente da Câmara Municipal de Maceió. A força política do PMDB o coloca como um partido importante no processo eleitoral de 2016, podendo lançar candidato à Prefeitura da capital alagoana.
Todavia, nacionalmente – apesar de ser forte – está no “olho do furacão”. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) e o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), são citados na Operação Lava-jato. Além disto, é um amalgama de oposição com situação sem que se saiba direito o que o partido – que sempre foi conhecido como um “eterno governista” – é no cenário político nacional.
Se isto vai resvalar no cenário local ou não, a história dirá...
Para Beltrão, está na hora do PMDB assumir um protagonismo. O deputado federal avalia que é a hora de lançar o máximo de candidatos ao Executivo em 2016, inclusive em Alagoas. E em 2018, lançar um candidato à presidência. O parlamentar alagoano até possui um pré-candidato ao Palácio do Planalto: o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
“Quando a gente olha para o campo da sistemática nacional é difícil afirmar se o PMDB é situação ou oposição. A gente está lá no Congresso e vê um partido que ora está com o governo, ora está contra o governo. O PMDB – salvo engano – tem seis ministérios. O PMDB é um partido que tem uma posição complicada de se entender hoje, mas é um dos maiores partidos do Brasil e eu me orgulho de fazer parte desta legenda. Eu acho que passou da hora do PMDB ter um candidato a presidente. Precisamos assumir este protagonismo. Eu acredito que nas próximas eleições teremos. Se depender de mim será o Eduardo Paes, que é prefeito do Rio de Janeiro”, colocou Marx Beltrão.
Indaguei se ele não acha que hoje o nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não seria o mais viável neste processo de candidatura presidencial. “Eu acredito que não. Tem alguns setores do partido que pensam divergente do Cunha. O nome de consenso seria o Paes, se a decisão fosse hoje. Mas, muitos falam que ele será candidato a governador. Vamos esperar. Mas, a torcida é para que o PMDB deixe de ser – pelo seu tamanho – um partido coadjuvante e passe a ser protagonista”.
Ele – mesmo assim – classificou Cunha como “corajoso” por não temer a “imprensa ou as críticas” na hora de emplacar temas para votações. “Muita coisa estava engavetada no Congresso e o Cunha foi o presidente que não teve medo de colocar estas pautas em votação. Antes se preferia engavetar. O Eduardo Cunha tem essa virtude. E votar é uma obrigação do Congresso. Temos que discutir todos os assuntos sendo polêmicos ou não. E o Congresso precisa ter independência em relação a estes temas”.
Alagoas
Sobre o cenário político em Alagoas, Marx Beltrão diz que muito do xadrez político só se define quando a reforma política for votada, pois a expectativa é que as novas regras já passem a valer para as eleições de 2016. “Muitos migrarão – a depender das regras – para o PMDB para fazer parte da legenda que comanda o Estado. Eu defendo este crescimento. Aqui na capital alagoana o PMDB tem grandes nomes para disputar a prefeitura de Maceió, como o vereador Kelmann Vieira, por exemplo. Seria excelente candidato. Mas há também o vice-governador Luciano Barbosa, como o médico José Wanderley e o secretário Mozart Amaral”.
Marx Beltrão não descarta ainda a possibilidade do PMDB compor e indicar um vice. “Se isto ocorrer eu acho que a melhor opção seria o PMDB indicar o vice do deputado federal Cícero Almeida (PRTB), que é um dos nomes na disputa. Há ainda quem defenda que o PMDB se junte ao prefeito Rui Palmeira, mas por ele ser do PSDB eu acho muito difícil. É uma questão que precisa ser discutida com o governador Renan Filho e com o senador Renan Calheiros, que são os principais nomes. Eu vou apoiar a decisão deles, mas claro que vou dar também as minhas opiniões”.
O deputado federal ainda cita a si mesmo: “se o partido entender que precisa de um nome novo, quem sabe eu não possa ser o candidato a prefeito de Maceió”.
Lava-jato
Também indaguei a Marx Beltrão como ele via o fato do PMDB ter sido também um dos atingidos pela Operação Lava-jato, principalmente diante das acusações que envolvem o presidente estadual da legenda que é o senador Renan Calheiros.
“Eu confio na inocência do senador Renan Calheiros. A Lava-jato já deveria ter acontecido antes. É inadmissível o que aconteceu na Petrobras e é preciso encontrar os verdadeiros culpados. Seja lá quem for, independente de partido, quem tiver culpa tem que pagar por isto. Eu acredito na inocência do senador Renan Calheiros. Creio que ele não tem culpa. Mas, se tiver tem que pagar como tem que pagar qualquer outro que tenha culpa. Digo isto não só em relação a ele, mas a todos os envolvidos. Foram citados de Alagoas também Benedito de Lira, Arthur Lira e Fernando Collor. Eu presumo que todos são inocentes até que se prove o contrário. Prefiro acreditar que nenhum deles tem culpa”, colocou Beltrão.
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