O deputado, o humor, o boi, nós e o exame

26/06/2015 11:56 - Voney Malta
Por redação

O parlamento brasileiro gera atitudes que ora nos assustam e revoltam. Mas em outros momentos nos causa imensa gargalhadas, outras vezes lágrimas porque é, no geral, a nossa cara, o nosso jeito, a nossa sociedade.

Fossem vivos Paulo Gracindo ou Chico Anysio certamente a Assembleia Legislativa de Alagoas e o deputado estadual Tarciso Freire (PSD) viraria personagem desses grandes atores. Como Jô  Soares continua na ativa, qualquer dia desses, se ainda não foi, o parlamentar será convidado para uma entrevista.

É que é um ótimo personagem. Ao tomar posse como deputado estadual, no início deste ano, ele cumpriu a promessa feita pelos seus eleitores e chegou à sede do Poder de terno e gravata montado em um jovem e garboso touro. Justificou dizendo que o bovino, cujo nome é Gaúcho, faz parte da vida dele, o acompanha e simboliza a sua origem humilde.

Passado esse momento cômico, histórico e emocionante – afinal de contas um boi é um boi que nos alimenta e gera emprego e renda e, no caso específico aqui tratado, mudou a vida de um homem ao ser motivo de promessa na campanha eleitoral que foi cumprida – Tarciso Freire, o homem-touro de palavra, também é autor de projetos fundamentais. E quando esses dormem na gaveta de uma Comissão, ele reclama e cobra agilidade.

Fez isso com relação ao projeto de lei que obriga exames toxicológicos para crianças a partir dos 10 anos em escolas públicas por conta do crescimento do uso de drogas e da violência. Constatado o uso de drogas, o Estado garantiria o tratamento. Claro que, caso seja aprovado, quem vai custear o exame é a viúva, quero dizer o Estado.

Sugiro ao deputado que estenda esse exame aos pais, primos, tios e tias, vizinhos, enfim. Aliás, acho que pela situação atual os exames deveriam ser estendidos a todos os alagoanos. Isso mesmo. O cerco seria fechado. E quem não cumprisse com essa determinação legal seria punido.

Claro que essa punição seria definida através de um debate com representantes da sociedade. Essa medida daria um ar de democracia ao parlamentar que parece gostar de “obrigar” ao definir que o exame seria obrigatório.

Ah, mais uma sugestão: o responsável que levasse a criança para fazer exame montado num boi teria prioridade no atendimento, na matrícula e ainda levaria de bônus uma imagem do Gaúcho.

Fala sério!

Ou melhor, tragam de volta Gracindo e Anysio. Mas o Jô serve.

 

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