Antes de entrar no assunto desta postagem, peço licença para as seguintes reflexões que faço: 1) nada tenho contra quem usa do direito de se sentir ofendido, por conteúdo de reportagem, para processar jornalista. É um direito. Ter-se-á a razão ou não em seus argumentos, aí é com a Justiça; 2) por este motivo nunca assumi postura de vitimismo diante de processos. Se acontece enfrento-os na Justiça sem alarde e com a consciência de que apenas faço o meu trabalho com a honestidade intelectual e objetividade necessárias à profissão.

Salvo exceções, que é quando os processos se transformam em inquisições (e esta prática de condenar sem prestar atenção ao contraditório merece sim ser denunciada), é assim que me porto. Logo, trago tal dado para este blog pela sua curiosidade e por todas as demais reflexões que ele sugere sobre o clima “belicoso” que se transformaram os processos eleitorais no país.

Entre as práticas que condeno, estão as ações de censura prévia. Que tentam fazer com que um conteúdo não vá ao ar. Ora, o jornalista que mentiu que pague por sua mentira após a informação veiculada. Censura jamais! Digo de antemão, não é o caso destas ações sobre as quais falarei abaixo. Lá se trata de outro tipo de ação: remoção de conteúdo. Na maioria destes casos, um exagero fruto da forma como a Justiça Eleitoral trata a imprensa em períodos de pleito. Eis minha opinião.

Dito isto, vamos ao texto...

O fato é que um personagem alagoano foi o que mais acionou a Justiça para agir contra a imprensa no ano de 2014, quando disputou o governo do Estado de Alagoas. Trata-se do senador alagoano Benedito de Lira (PP). Ele ficou em segundo lugar na disputa eleitoral, perdendo para o atual chefe do Executivo, Renan Filho (PMDB).

A informação estará na coluna Aparte do CadaMinuto Press (escrita pela jornalista Vanessa Alencar). Segundo as informações de Alencar e do site www.ctrlx.org.br, o senador Benedito de Lira foi o candidato ao governo – responsável por 5% destes tipos de ações judiciais – que mais acionou a Justiça para a remoção de conteúdo produzidos por comunicadores na internet.

O detalhe: conforme o site, Alagoas foi o segundo Estado com mais ações neste sentido. A Terra dos Marechais – sozinha! – foi responsável por 10% das ações. Só perde para o Paraná, com 15%.

Benedito de Lira empata com o senador Roberto Requião (PMDB). De acordo com a jornalista Vanessa Alencar, o “Crtl + X”, uma extensão da iniciativa “Eleição Transparente”, criada em 2014, mostra, também, os veículos mais atingidos e as alegações mais constantes para a “censura judiciária”. É só conferir. 

No mais, a coluna de Vanessa Alencar da próxima edição - como sempre! - está imperdível.

Estou no twitter: @lulavilar