Mais uma vez – semelhante a tantas outras, em função de escândalos passados – o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB), volta a figurar as capas das principais revistas nacionais.
Época já havia colocado Calheiros como o “inimigo número 1” do Palácio do Planalto, por consequência – obviamente – alguém a ser “combatido” pela presidente Dilma Rousseff (PT), que assiste a queda de sua imagem perante a opinião pública de forma vertiginosa. As recentes pesquisas que o digam: Dilma tem o maior índice de reprovação que um presidente já alcançou desde a presidência de Fernando Collor de Mello (PTB).
A comparação assusta. Afinal, todos sabem como se deu o fim do governo Collor.
Pois bem, Renan Calheiros é mais um dos personagens de nossa política que – neste momento – se encontra em um paradoxo facilmente compreensível: apesar das posturas duras em relação ao atual governo petista (momentos em que se comporta como um opositor), aparece como uma das peças envolvidas no que se apresenta – até aqui! – como o maior escândalo de corrupção da República: o esquema que tomou conta da Petrobras e vem sendo investigado pela Operação Lava-jato. O que revela o quanto foi um aliado.
A Lava-jato é uma operação da Polícia Federal que já vai a sua 14ª fase. Ao que tudo indica, investigações que atingem profundidades maiores do que a do próprio pré-sal. Natural que a presidente sofra com o desgaste. Vale lembra que não é o único peso a ser carregado por Dilma Rousseff.
Há ainda a inflação, as pedaladas fiscais, a crise econômica, a retração do PIB. Enfim, uma série de elementos que somados à “simpatia” de Dilma Rousseff e a sua “lógica” ao falar em público traz resultados não muito proveitosos para a presidente. Isolado a extremo, sequer os aliados ajudam. Quando alfinetam e criticam Dilma, aprofundam o seu desgaste. Quando são apontados como envolvidos no escândalo da República, aí é que aprofundam ainda mais a gravidade de seu desgaste.
É o caso de Renan Calheiros, que na reportagem aparece ao lado do senador Lindenbergh Farias e do deputado federal Luiz Sérgio, ambos do PT.
Calheiros alcançou os espaços que alcançou devido à aliança firmada com o PT desde sempre na era lulopetista. Por sinal, já tinha forte influência na República em eras tucanas. Foi ministro. Assim como o PMDB, sempre foi peça importante para a governabilidade. Desta forma, Calheiros ampliou seus tentáculos dentro da administração, com indicações de cargos e influências. Fruto da política fisiologista que toma conta do nosso país. Se tais relações descambaram para práticas ilícitas, é algo que a Polícia Federal apura e que a Justiça irá julgar em seu devido tempo.
Mas se há um inquérito contra Renan Calheiros é por questões dos recentes governos, como mostram as investigações. Renan Calheiros – em relação à Operação Lava-jato – afirma inocência. Diz que prestará esclarecimentos à luz do dia. Esperamos que assim seja. Se inocente, inocência reconhecida. Se culpado, a dura lei que deve ser – como coloca a Polícia Federal – “Erga Omnes”.
Como já divulgado pelo CadaMinuto, Renan Calheiros agora terá um novo desafio: a Capa de IstoÉ. Foi uma divulgação dura, que traz na manchete principal: “A Propina de Renan”.
Calheiros é acusado – conforme a revista – de receber R$ 30 milhões em propina. Eis o primeiro parágrafo: “Um golpe perpetrado recentemente contra os fundos de pensão Postalis e Petros começa a ser desvendado pela Polícia Federal. Inquérito sigiloso obtido com exclusividade por ISTOÉ traz os detalhes de um esquema que desviou R$ 100 milhões dos cofres da previdência dos funcionários dos Correios e da Petrobras. Parte do dinheiro, segundo a PF, pode ter irrigado as contas bancárias do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e do deputado federal e ex-ministro de Dilma, Luiz Sérgio (PT-RJ), atualmente relator da CPI do Petrolão. Prestes a ser enviado ao Supremo Tribunal Federal, devido à citação de autoridades com foro especial, o inquérito traz depoimento de um funcionário do grupo Galileo Educacional, empresa criada pelo grupo criminoso para escoar os recursos dos fundos. Segundo o delator identificado como Reinaldo Souza da Silva, o senador Renan Calheiros teria embolsado R$ 30 milhões da quantia paga, Lindbergh R$ 10 milhões e o deputado Luiz Sérgio, o mesmo valor”.
Como disse acima, que venha a apuração. Não me cabe julgar, mas apenas mostrar fatos e indícios e as análises que eles sugerem.
O que deve ficar claro é: como aliados ou como opositores, alguns personagens dos recentes escândalos da República acabam deixando claro o “loteamento” patrocinado pelos recentes governos de Lula e Dilma em função de sua base fisiologista. Cada vez mais se solidifica a noção de que a corrupção virou um projeto de poder.
E aí, quem se envolveu com determinadas práticas que sustentaram esta versão de “governabilidade” que pague. Seja quem for.
Em entrevista a própria IstoÉ, Renan Calheiros nega a propina. Diz que não teve relação alguma com as instituições mencionadas”.
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