As declarações do prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), ao comentar o que – em sua visão – o município de Maceió vem sofrendo com a Companhia de Abastecimento de Saneamento de Alagoas (Casal) gerou polêmica com o governo estadual.
O assunto foi levantado pelo secretário municipal de Meio Ambiente, Davi Maia, em uma declaração tão forte quanto grave. Maia afirmou – com todas as letras! – que a Casal é responsável pela maioria dos crimes ambientais cometidos na capital alagoana.
Eu chamei atenção em relação às declarações de Maia e pedi – em um post neste blog – que Renan Filhou ouvisse estas falas, mas o que fez o governador se posicionar foi mesmo a colocação de Rui Palmeira.
Em matéria da jornalista Gilca Cinara, Palmeira foi além: afirmou que o sistema mantido pela Casal chegou ao colapso e ameaça o crescimento da cidade. A situação da Casal não é novidade. É um problema histórico. Todavia, agora está no “colo” de Renan Filho e o governador – de fato! – precisa dar um encaminhamento.
Há uma discussão que envolve a privatização da empresa. É o melhor caminho? Não sei. Mas o que sei é que o governo precisa apresentar um planejamento para lidar com a Casal que inclua o curto, médio e longo prazo. É um órgão governamental que está, de fato, a beira do colapso. Vale lembrar: a empresa pública deve aproximadamente R$ 1 bilhão.
A Casal sofre ainda com recursos que são devidos por prefeitos e não tem capacidade de investimentos, sofrendo – por consequência – para manter em dia a manutenção da rede. É um fato. Tanto é assim que o presidente do órgão, Clécio Falcão, no início deste ano, colocou que uma “luta” em curto prazo era justamente equilibrar receita e despesa para se conseguir fazer alguma coisa pela empresa.
Falcão é um homem bem intencionado e uma boa indicação do governador. Mas será que possui como resolver o problema que está em suas mãos? Ao falar da situação da Casa, Rui Palmeira nada mais faz do que apontar um problema que é real e histórico. Não é culpa da atual gestão peemedebista, evidentemente. Porém, se cobra do governador o que é de responsabilidade do governo.
Da mesma forma que se cobra de Palmeira que dê um jeito na Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), que não consegue se fazer presente na cidade. Da mesma forma que se cobrou de Rui Palmeira – e deve ser cobrado sempre! – uma atuação da Superintendência Municipal de Controle e Convívio Urbano (SMCCU), quando o Centro de Maceió estava – e de certa forma ainda há problemas por lá! – o “samba do crioulo-doido”. Assim como se cobra de Rui Palmeira melhorias na Saúde municipal e Educação municipal.
As cobranças de Rui Palmeira são como gestor e como cidadão. Afinal, são muitos os que sofrem com a Casal. Uma questão para a qual chamo atenção: as falhas em micro-medição, por exemplo, que acaba tornando a conta de alguns mais caras em função de não se conseguir cobrar com precisão a água gasta por todos. Eis um problema a ser debatido pelo Estado. Afinal, o governador foi eleito para buscar soluções. As críticas que Rui Palmeira fez à empresa, portanto, era a mesma que eu faria.
Rui Palmeira ainda lembrou que a gestão municipal vem aplicando multas contra a Casal visando a melhoria dos serviços acordados. Eu me indago o que de melhoria as multas trazem para uma empresa que já se encontra em dificuldade financeira? Será que não seria a hora de governo, município e Casal deixarem de lado bandeiras políticas e buscarem solução em conjunto.
A mera aplicação de multa é como arrancar dinheiro de quem já não tem. O mal – muitas vezes – é que palanques políticos são armados ao sinal das primeiras farpas, mas a hora seria de diálogo. Quem mais é prejudicado com a Casal do jeito que se encontra não é o governador, muito menos o prefeito. É a população.
Vejam só o efeito cascata: o Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público Federal (MPF) recomendaram ao município a suspensão de licenças ambientais para construção de novos prédios até que a situação do saneamento seja resolvida. Ou seja: em um momento em que a construção civil já pensa em fechar postos de trabalho diante da crise financeira, uma ação deste sentido também traz outros impactos além da questão ambiental. É uma “marretada” na cabeça de um setor que já vem levando marretadas diante da situação do país.
Repito: quem mais sofre é a população. Então, que a troca de farpas entre o prefeito e o governador fique para outro momento. Que Renan Filho e Rui Palmeira sentem para buscar formas de apresentar um plano em curto, médio e longo prazo para a recuperação da Casal e os bons serviços em Maceió. Sabendo, que a responsabilidade maior é do Estado porque é a quem o órgão é ligado.
Uma das frases do prefeito: “A situação chegou ao colapso e há algum tempo estamos tendo enfrentamento com a Casal por cláusulas acordadas no contrato de concessão, que não estão sendo cumpridas há muito tempo. Por outro lado nós sabemos da situação da Casal e da falta de investimento para fazer essas melhorias”, colocou o prefeito.
O presidente Clécio Falcão diz que pretende buscar investimentos com o governo federal. Uma dica: não dependam do governo federal.
Coloco as aspas para mostrar que não há exagero ou ataque por parte do prefeito, uma vez que ele reconhece a situação histórica da Casal. “É preciso que a Prefeitura também olhe para a sujeira que está debaixo do tapete. Um exemplo é o Riacho Salgadinho”, reagiu Renan Filho.
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