Fifa, CBF, federações, empresários, o congresso e o governo

28/05/2015 12:21 - Voney Malta
Por Voney Malta

O suposto esquema de corrupção envolvendo dirigentes da Fifa, Confederações e empresários lembra, em alguns pontos, o que vem sendo revelado pela Operação Lava Jato no esquema que envolve a Petrobras: o uso de serviços de consultoria e outros contratos para criar aparência de legitimidade para pagamentos ilegais.

O caso está tendo repercussão mundial. Portanto, é uma imensa oportunidade de mudanças na administração do futebol em todos os continentes, em todos os países. A pressão para que o atual presidente da Fifa, Joseph Blatter, ainda não atingido pessoalmente com prisão ou denúncia direta sobre os eu envolvimento, não seja o candidato na eleição marcada para esta sexta-feira (29) é enorme.

Tamanha crise é uma imensa oportunidade para mudanças no comando e na administração do futebol, especialmente no caso brasileiro. O envolvimento de empresários dessas bandas, do ex-presidente da Confederação Brasileira, José Maria Marin, mostra com exatidão a maneira como o futebol brasileiro é gerido.

Embora os clubes brasileiros, as federações e a CBF sejam entidades com caráter privado, o futebol é um bem nacional, um bem de todos nós. Portanto, é grande a oportunidade de mudanças na legislação que organiza todos os envolvidos.

Tramita no congresso, numa comissão mista, projeto que renegocia a dívida dos clubes e das entidades com o governo federal. A contrapartida para adesão ao refinanciamento é o impedimento de reeleição dos dirigentes, pagamento em dia das obrigações com os contratados sob risco de punição severa, entre outras questões.

Só que a turma que dirige as entidades não aceita esse tipo de regra proposta pelo governo petista. Afinal de contas, presidentes de federações e de confederações ficam décadas no poder.

Impedir reeleição é fundamental. Ainda mais quando sabemos e conhecemos casos de dirigentes que são empresários de jogadores e dirigem entidades que gerem o esporte. Ou seja, ganham dinheiro com o negócio.

O congresso tem uma oportunidade de ouro para mudar o futebol brasileiro. O que os atuais dirigentes desejam é ganhar dinheiro gerindo as entidades e os jogadores. Já ouvimos muitas histórias de jogadores convocados para as seleções, inclusive as de base, por influência de empresários desejosos de colocar os seus protegidos na vitrine para vender o produto para um clube europeu.

Futebol, para o brasileiro, é muito mais do que um negócio. É paixão, é sonho de infância, brincadeira, alegria, esperança e vida que não pode ficar nas mãos de mercadores, enganadores e corruptos.

Futebol é um sonho nacional que deve ser levado muito a sério, tanto quanto saúde, educação e segurança, por exemplo.

E nesta crise vivemos uma grande oportunidade de tomar dos marginais do esporte o controle da antiga paixão nacional.

 

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