Quem viu o cenário eleitoral de 2014 e a posição da maioria dos membros da bancada federal alagoana era capaz de apostar que – ao menos entre os nossos parlamentares – a presidente Dilma Rousseff (PT) teria fiéis escudeiros. Mas, diante da mudança de rumos do país, da crise política, econômica e ética que se instala e da tempestade perfeita em Brasília (DF), é natural que a maioria dos deputados federais e senadores já adotem outra postura, esquecendo um pouco do passado de declarações de amor à presidente.

Com exceção do deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), os demais membros da bancada federal já não são mais tão “dilmistas” assim. A insatisfação só aumenta desde o primeiro momento em que estes são cobrados pela opinião pública e não possuem alguns de seus pleitos atendidos. Estão encontrando as portas fechadas.

Vejam o caso do deputado federal Givaldo Carimbão (PROS). Ele foi um dos articuladores para que o PROS tivesse mais espaço dentro do governo federal. Foi ferrenho defensor de Dilma Rousseff na época da revisão da meta fiscal. Mas agora em que a tempestade afastou o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB) de Dilma Rousseff, Carimbão rapidamente fez a leitura de conjuntura e já mandou avisar a sua opinião: “Dilma foi ingrata com Renan Calheiros”.

O pronunciamento de Carimbão foi abordado pela jornalista Eliane Aquino, em postagem em seu blog aqui no CadaMinuto. Para o parlamentar do PROS, Dilma é áspera e dura. Adjetivos que passaram a fazer parte neste momento em sua cartilha política. A pergunta é: foi Dilma que mudou ou os bravos e heróicos deputados federais que mudaram de barco? Aos poucos o tom das declarações surge como se fosse um velho aviso do tipo: “o último a sair que apague a luz”.

Dúvida? Olha o que disse Carimbão à jornalista: “O PROS não tem nada em Brasília”. Quem diria que tempos atrás o partido de Givaldo Carimbão encabeçava a criação de uma frente para tentar diminuir o poder do PMDB e facilitar a “governabilidade” de Dilma Rousseff. Por sinal, ao iniciar a colheita do que ela mesma plantou com as decisões do governo em relação aos rumos da macro-economia, Dilma Rousseff tem sido abandonada até mesmo por petistas.

O deputado Ronaldo Lessa (PDT) tem assistido esta insatisfação dentro do próprio partido. Os pedetistas – em Brasília – avaliam seriamente deixar a base. Lessa evita comprar o discurso de opositor, mas já fala em assumir a independência. O PDT é um parceiro histórico dos petistas nos últimos governos. Dominou o Ministério do Trabalho de porteira fechada. O próprio Lessa já assumiu cargo por lá. Agora, é hora de guardar certa distância.

Rousseff se encontra cada vez mais isolada. O que acontece na bancada federal alagoana – a começar por Renan Calheiros que se posiciona como o inimigo mais perigoso do governo federal neste momento – é reflexo do que acontece com todos os políticos em Brasília. Por sinal, a oposição tucana – diante deste quadro – tem sido o menor dos problemas da presidente.

Até o senador Fernando Collor de Mello (PTB) – um aliado de primeira grandeza – tem feito questão de cutucar o governo quando o assunto é o “ajuste fiscal”. Collor acusa o governo dilmista de ir contra o trabalhador.

Cícero Almeida (PRTB) – em recente entrevista à Rádio Jornal – também fez duras críticas ao governo em relação ao ajuste fiscal. Mais um na bancada a endurecer o discurso.

Há – evidentemente – aqueles que, em 2014, não estavam entre os dilmistas o que garante uma maior coerência de fala. São eles, João Henrique Caldas, o JHC (Solidariedade), e o tucano Pedro Vilela. O PP manteve um posicionamento dúbio quando o assunto era governo federal. Por sinal, o senador Benedito de Lira saiu dos holofotes em épocas de Operação Lava-jato.

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