CPI: “90% dos telefones da sala estão grampeados”, diz Paulão cobrando investigação sobre elite do tráfico

18/05/2015 18:01 - Política
Por Vanessa Alencar
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Durante a sessão especial da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a violência contra jovens negros e pobres, realizada nesta segunda-feira, 18, na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), o deputado Paulão (PT), integrante da CPI e autor do requerimento para a sessão, cobrou, em um discurso duro, que seja apurada a participação da elite do tráfico – uma das principais causas de mortes entre o público alvo da Comissão – no Estado.

“Quem são os grandes traficantes, os políticos em Maceió que estão controlando a droga na parte do Dique Estrada? Isso tem que ser apurado”, questionou o parlamentar, cobrando investigações sobre a empresária dona de uma loja de sapatos “de fachada” e o irmão dela, que, segundo ele, seriam um dos responsáveis pelo tráfico na capital.

Paulão lembrou que o serviço de inteligência da segurança pública em Alagoas e o Ministério Público Estadual têm a disposição um sofisticado sistema de escuta telefônica que permite que 400 telefonemas sejam ouvidos simultaneamente e surpreendeu ao afirmar que “90% dos telefones dessa sala são grampeados”. “Isso tem que estar a serviço da sociedade”, alfinetou o parlamentar.

Em sua fala, o promotor Flávio Gomes, reagiu: “O Ministério Público não grampeia ninguém e 90% dos telefones nessa sala não estão grampeados. Só é grampeado quem é bandido, criminoso ou está sendo investigado, o que não acredito ser o caso de ninguém aqui. O Ministério Público é uma instituição séria, de credibilidade e apoia investigação legítima”.

Procedimento único

Também presente a audiência, o secretário de Defesa Social, Alfredo Gaspar de Mendonça, fez um balanço da redução dos números da violência em Alagoas nesses quatro meses de governo quando, segundo ele, foram preservadas 225 vidas.

O secretário frisou que, em sua gestão, a polícia deve ter um procedimento único, seja na Ponta Verde ou nas grotas: “Não podemos ter uma polícia para canto do estado”.

“Não aceito que meu policial seja acusado de truculento porque o que está de terno foi tratado diferente do que está de pés descalços”, complementou o gestor, voltando a defender as ações policiais realizadas. Segundo ele, assim como em todas as esferas do País, há desvios de conduta por parte de policiais, mas isso não é a regra.

“Eu tenho no meu Estado homens e mulheres que todo dia colocam suas vidas em risco para proteger a vida da sociedade. Não aceito discurso vazio de que polícia é responsável pela violência institucionalizada. A violência é fruto da irresponsabilidade de quem pode mais. E quem pode mais não é a polícia”, destacou.

O secretário aproveitou ainda para criticar a falta de uma política de fronteiras para coibir a entrada de drogas e armas em Alagoas e cobrou investimentos em outras áreas, a exemplo da social, para mudar o quadro de violência no Estado e no País.

Na abertura da sessão especial, o presidente da CPI, deputado Reginaldo Lopes (PT/MG), sugeriu que a ALE criasse uma comissão especial para acompanhar os trabalhos realizados pela CPI em Brasília. O petista citou o caso do desaparecimento de Davi da Silva como um, entre vários, que precisam de respostas em Alagoas e no País.

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