O PMDB parece querer ocupar de vez o vácuo do poder deixado pela presidente Dilma Rousseff (PT). A petista fala cada vez menos para plateias não-favoráveis. No dia de amanhã, 1º de maio, Dilma Rousseff cancelou o tradicional pronunciamento na televisão temendo um novo panelaço diante da crise econômica, ética e política pela qual atravessa o seu governo.

Recentemente, o peemedebista e presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) – em um jantar do partido – disse que o PT só ganha votações quando os peemedebistas deixam. Um sinal claro de que quem comanda hoje a agenda do país não é a presidente e que a estratégia de colocar o vice-presidente Michel Temer (PMDB) na articulação política não deu muito resultado.

No campo econômico, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e sua equipe, é quem traça planos ainda que estes se distanciem do pensamento ideológico do governo. O clima em Brasília é o seguinte: apertem os cintos que a presidente sumiu. Como o poder não deixa vácuo. A ausência de Dilma Rousseff – no comando da agenda do país – criou uma disputa interna dentro do PMDB.

De um lado, Eduardo Cunha. Do outro, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB/AL), que também não perde a oportunidade de dar uma estocada no governo. Aliado em campanha política, Calheiros tem dado declarações mais incômodas que os oposicionistas mais ferrenhos de Dilma Rousseff. Além disto, por comandar o Congresso Nacional – mesmo tendo chegando ao cargo máximo do Legislativo com ajuda dos petistas – conduz a pauta como quer, pressionando ainda mais o Palácio do Planalto enquanto o governo petista definha em números.

A presidente Dilma Rousseff até achou – conforme bastidores políticos – que o tempo de notícias ruins havia passado e apostava em um novo quadrimestre com perspectivas de recuperar fôlego e melhorar a imagem. Todavia, o aumento de juros e as recentes divulgações de dados feitas pelo Banco Central mantém a rejeição alta em relação à presidente. Apenas alguns dos fatores que farão a presidente “desaparecer” no dia 1º de maio.

Renan Calheiros aproveitou para alfinetar mais uma vez. Chamou – em entrevista à imprensa nacional – de “ridículo” o silêncio de Dilma Rousseff. O PMDB parece estar decidido a ver a presidente sangrar e se puder, vai contribuir – mantendo a postura de pseudo-neutralidade – para o sangramento. Renova-se o ditado: “aliados, aliados, mas o poder a parte”.

Calheiros é um exímio enxadrista e sabe impor declarações de efeito quando quer. Estas repercutem. Dilma Rousseff terá que lidar com isto e não há Michel Temer que dê jeito. Afinal, o PMDB tem – neste momento – mais cacique que índio na busca pelo espaço vazio deixado. Uma das declarações de Renan Calheiros é que a democracia existe para deixarem as panelas falar. Ou seja: ao mesmo tempo em que criticou o silêncio da presidente ainda incentivou, mesmo que em entrelinhas, o panelaço.

Como se não bastasse, Renan Calheiros ainda avaliou que o silêncio de Dilma Rousseff no primeiro de maio ainda "enfraquece muito o governo". “Essa coisa de a presidente da República não poder falar no dia 1º de maio por não ter o que dizer é uma coisa ridícula”, complementou.

Só quem não tem coragem de criticar duramente o governo é a oposição. Os aliados – como percebe – não perdem uma chance.  

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