Já fiz duras críticas ao governador Renan Filho (PMDB) neste blog. Em relação ao passe-livre - por exemplo - disse que achava a ideia equivocada e que não funcionaria na prática. O tempo, senhor da razão, fez sua parte.

Como já critiquei a postura do governador e da pasta da Saúde no caso Santa Mônica. Como critiquei a ausência de posição imediata no caso envolvendo Mellina Freitas, diante das denúncias feitas pelo Ministério Público, e por aí vai.

No caso Mellina Freitas o governador se posicionou, mas bem depois das críticas...

Agora, li, aqui no site CadaMinuto, que em uma palestra o chefe do Executivo estadual alagoano demonstrou a seguinte visão de Estado: o setor produtivo é quem deve gerar empregos. Precisa ser fortalecido e o Estado não pode ser uma mãe de tetas gigantes a acomodar pessoas conforme interesses políticos.

De acordo com matéria da assessoria do Liquida Maceió foi dito isto, com outras palavras.

O pensamento busca fazer com que Alagoas inverta uma lógica existente que cria um Estado com obesidade mórbida e um setor produtivo altamente dependente, ausência de visão empreendedora e por aí vai. Uma locupletação dos que fingem empreender com os que fingem governar. É a lógica de muitos municípios que só possuem o FPM e vivem atolados neste ciclo de dependência.

Concordo com o governador Renan Filho. E vou além: afirmo que se este pensamento for à prática e se o Brasil passar por uma profunda reforma tributária e um reestudo de seu pacto federativo descentralizando os recursos que se encontram na mão da União, os estados mais pobres avançam.

Meu único ponto de discordância é que – ao aplicar o raciocínio dos cortes de gastos – Renan Filho tem feito de forma horizontal e prejudicou o funcionamento de alguns órgãos do primeiro e segundo escalão, que só agora se recuperam. Se já não tinham eficiência e eficácia, ainda seguem longe disto.

Outra discordância: faltou este discurso na campanha, o que fez com que ele se comprometesse com promessas que – julgo dizer – se sabia que não seriam cumpridas, como a convocação da Reserva Técnica da Educação e da Saúde. Um erro pelo qual o chefe do Executivo vai pagar e queimar a língua. Foi promessa de campanha.

Mas, voltando ao assunto: o governador apresentou uma boa visão panorâmica do cenário e tangenciou um pouco - ainda que distante - das teorias do liberalismo econômico. Algo que o Estado, não só Alagoas, mas até o estado brasileiro, precisa discutir com seriedade em função da obesidade. Não sei se os amigos esquerdistas do governador concordam com ele, nem sei todos os efeitos do discurso na prática, mas como me sinto livre para criticar quando acho necessário, elogio a fala quando acho que está correta.

Espero que se traduza em mais ações neste sentido: um Estado que facilite o empreendedorismo, que entenda a importância do setor produtivo e que encampe as pautas nacionais que promovam terreno fértil a isto, um estado mais enxuto, uma economia mais pujante, um contribuinte que não sofra tanto por arcar com um banquete que não lhe pertence. Por estas e outras que defendo pacto federativo urgente e reforma tributária. Mais importante do que o engodo da reforma política que alguns crêem ser a mãe de todas as reformas.

Se o espírito for esse, aposte em resultados interessantes ainda que em momento de crise. 

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