O senador Fernando Collor de Mello (PTB) – um dos aliados do governo de Dilma Rousseff (PT) – também partiu para as críticas, ainda que moderadas. Conforme os aliados vão ficando mais “afoitos” nas estocadas no governo federal, mais fica visível o isolamento da presidente Dilma, que sofre até com setores do próprio PT.
Sofrendo com a opinião pública, acuada pelos recentes escândalos, pressionada pelos números da economia, lidando com o Congresso Nacional liderado pelo PMDB e com muitos revoltados em função das investigações da Operação Lava-jato, Dilma Rousseff luta para recuperar a credibilidade e os rumos do governo.
Tarefa árdua diante dos que pedem seu impeachment nas ruas. No dia 15 de março, mais de um milhão de pessoas se uniram para o “Fora Dilma”. No dia 12, mais uma manifestação. Será maior ou menor? Os organizadores acreditam que os movimentos devem ganhar força. É aguardar!
De acordo com Collor, por exemplo, eis o governo que precisa se reinventar. Palavras de Collor que “caiu” da presidência enfrentando a desaprovação popular e as denúncias de corrupção. Soaria como um conselho? O senador petebista fez um forte pronunciamento, na segunda-feira, dia 06, focado na questão econômica.
Collor – um dos senadores alvo de investigação da Lava-jato, mas que alega inocência – não levou em consideração as denúncias de corrupção, mas apenas a crise ao afirmar que o governo federal precisa mostrar capacidade de se reinventar.
“Sob o prisma de um cenário maior, a verdade é que a conjugação da redução concomitante de componentes e fatores básicos da economia, como o investimento, a produção, o consumo, o emprego e a renda, fatalmente nos levará ao conhecido círculo vicioso que não permitirá escaparmos da recessão e, pior, da estagnação econômica”, frisou Collor.
O senador petebista diz que para “superar a crise” não basta o governo federal apresentar um “ajuste fiscal”. “O governo precisa cortar gastos de custeio, reduzindo sua máquina administrativa, racionalizando suas despesas, planejando melhor suas políticas públicas e revendo suas prioridades”, complementa. Um recado duro de um aliado de primeira grandeza.
Collor ainda discursou para o Nordeste, ao cobrar a renovação dos contratos de energia elétrica entre a Companhia Hidrelétrica do São Francisco e a Indústria de base, além de chamar atenção para o fato de muitas obras do PAC na região estarem ameaçadas. Algo que já era possível de se ver antes mesmo de Dilma Rousseff chegar ao isolamento em que ela se encontra. Medidas que possuem relação com postos de trabalho.
Por vezes, quando aliados criticam o atual governo federal fica a impressão do oportunismo político diante da queda de popularidade da presidente. O famoso discurso de quem já anda construindo o caminho para pular do barco e sair bem na foto. Por enquanto, as críticas ainda surgem de forma domesticada, analisando a temperatura da água colocando os pés aos poucos na margem do rio.
Outro ponto de crítica de Collor foi a decisão “incompreensível do governo federal” – palavras dele! – em relação à renegociação das dívidas do Estado, o que afeta Alagoas. “Num País que almeja credibilidade e segurança jurídica, isso é inconcebível. Ao mudar o indexador da dívida com a União, a nova previsão legal aliviaria a situação fiscal de todos os entes federados, incluindo Alagoas e seus municípios. No caso de Alagoas – e diga-se, da maioria dos estados –, o atual contrato consagrou o endividamento como algo simplesmente impagável, além de ter agravado a sangria do Tesouro estadual, que precisa alavancar e construir seu desenvolvimento. Trata-se, na verdade, de devolver a Alagoas a dignidade mínima de sua capacidade de investimento perdida”, afirma o petebista.
Estou no twitter: @lulavilar