Conversei – na manhã de hoje, dia 31 – durante um evento no Palácio República dos Palmares, com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA) sobre o atual cenário da economia e que o ele espera que mude diante de um possível arrocho fiscal nos moldes anunciados pelo governo federal. José Carlos Lyra demonstrou preocupação não só com as medidas econômicas, mas também com a alta do dólar e seu reflexo imediato no setor produtivo local.
“Eu acho que na hora que o governo faz um ajuste fiscal como este e só aperta o setor produtivo não se faz algo bom. Eu disse isto já em outras entrevistas. O setor industrial não tem mais o que dá. Fazer um ajuste tirando apenas do setor industrial não dá mais. O ajuste tem que ser feito pensando também nos cortes do governo”, salientou José Carlos Lyra.
De acordo com o presidente da FIEA afirma que o setor produtivo brasileiro está “sufocado” e é necessário que – em um eventual ajuste mais forte – o governo federal também faça a sua parte e corte ministérios. “O governo tem que baixar o número de ministérios pelo menos para 20. São 39 atualmente, o que é inviável na atual situação. São não sei quantos mil cargos comissionados. Vamos baixar este número”, colocou José Carlos Lyra.
Ele ressalta ainda que o Brasil “não pode aumentar impostos em um momento em que se encontra dentro de uma crise na qual a carga tributária já é altíssima e os custos fora da competitividade do mercado internacional, pois é preciso pensar nisto também. Hoje estamos globalizados. Da forma como está sendo feito não vai ajudar em nada. O setor produtivo e a pessoa física não aguentam mais pagar a conta. O governo precisa reduzir seu tamanho”.
José Carlos Lyra também frisou a preocupação com a redução dos postos de trabalho. “Quando as empresas chegam a um ponto que entra em vermelho e complica para pagar salários, o empresário tem que reduzir o quadro. Caso contrário entra em um buraco. Já existe fechamento de postos de trabalho no Brasil inteiro. O Caged já diz isso. Se o governo federal permanece com este pensamento, a redução ainda será maior no nosso Estado e em todo Brasil. É reflexo”.
“O fechamento do grupo João Lyra já representou uma perda de nove mil postos de trabalho. O setor sucroalcooleiro vem sendo sacrificado também e isto reduz empregos. E é um setor que leva pancada a toda hora”, destacou. “A gente precisa abrir os olhos porque quem paga imposto para manter esta imensa máquina funcionando é o setor produtivo. O governo não gera imposto. Ele arrecada. O caixa dele vem do setor empresarial e da pessoa física”.
O presidente da FIEA ainda avaliou a alta do dólar e o impacto dele no setor produtivo, em especial o industrial. “Olhe bem, com o dólar até R$ 3,20 é positivo. Em cima disto começa a ser algo desastroso. É positivo por dois pontos: quem exporta tem um custo mais absolvido. Quem importava matéria prima de fora vai pensar duas vezes. Com o dólar até este valor pode haver um reaquecimento do mercado local”.
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