Prefeitos querem projeto amplo para o combate à seca em Alagoas

29/03/2015 08:20 - Maceió
Por Gilca Cinara - Cada Minuto Press
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Enquanto cientistas e o poder público se mobilizam para compreender e buscar soluções para a seca no Sudeste do País, os sertanejos do Nordeste e de Alagoas continuam vivendo a mesma dificuldade repetida em décadas de história. Os prefeitos alagoanos dos 36 municípios em situação de emergência devido à estiagem histórica estão na busca por um projeto mais amplo no combate à seca, que possa garantir o abastecimento. Em algumas cidades a circunstância chega a ser crítica, e racionamento de água já atinge a zona urbana, fato este visto antes somente na zona rural.

Em um diagnóstico da seca entregue ao Ministério Integração, o grupo de trabalho formado por técnicos da Associação dos Municípios Alagoas (AMA), Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) e Defesa Civil Estadual mostrou que 410 mil alagoanos sofrem com o efeito da seca.

No relatório foi incluída a situação de dois municípios – Lagoa da Canoa e Arapiraca – que ainda aguardam o reconhecimento de situação de emergência pelo governo federal. Em Lagoa da Canoa o abastecimento tem sido realizado através do sistema de rodízio. A população passa quase 25 dias sem água nas torneiras e na zona rural o carro pipa tem ajudado a levar água, mesmo de forma precária.

O mesmo caso de racionamento total tem ocorrido nos municípios de Minador do Negrão e Estrela de Alagoas, onde a capacidade hídrica chegou a menos de 10%, de acordo com a Casal. Os demais municípios passam por rodízio alternando entre 10 dias sem água e 20 com o abastecimento.

A situação, que já é crítica, torna-se ainda mais preocupante com a espera da liberação do apoio emergencial de R$ 1,5 milhão do Fundo de Combate à Fome e Erradicação da Pobreza (Fecoep) para a execução da Operação Carro-Pipa nas regiões afetadas pela seca. De acordo com o presidente da AMA, Marcelo Beltrão, a liberação recurso ainda depende da publicação do orçamento no Diário Oficial do Estado.

Essa verba irá garantir apenas um mês de financiamento para a locação dos carros pipas. Atualmente 116 carros pipas fazem distribuição de água nos 36 municípios, mas como muito tem uma expansão territorial grande, essa quantidade tem sido insuficiente para garantir o abastecimento, mesmo com a ajuda da operação coordenada pelo Exército.

Mesmo com essa quantidade os prefeitos estão tendo que alugar carro pipas com os recursos do município para garantir o mínimo. Como Alagoas foi o último estado a ter os decretos homologados, os municípios perderam o direito a alguns subsídios para compra de milho,

ração para os animais e até poços artesianos. Além disso, pipeiros ficaram sem receber algumas parcelas o que também prejudicou a distribuição de água.

Além dessa demora, os prefeitos aguardam a liberação R$ 10 milhões do governo federal que ainda deve demorar. Marcelo Beltrão reconheceu a necessidade dos gestores municipais em cobrar projetos mais estruturantes, para que essas medidas não sejam somente executadas em situação de emergência.

“O que precisa realmente é uma forma para resolver o problema. Os prefeitos querem que tenha uma solução. São obras mais estruturantes, como a própria utilização do canal do sertão e a construção de algumas adutoras. Esperamos que nesse governo possamos ter uma solução bem mais definitiva”, afirmou Beltrão.

 

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