O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB) – que contou com a ajuda do governo federal para permanecer na presidência do Congresso Nacional – mostra que a relação entre o Legislativo e o Executivo caminha para – cada vez mais! – ser de uma independência nunca antes existente.

Em tempos passados, Calheiros foi de fundamental importância para que o Executivo fizesse sua vontade no Congresso, impondo matérias do interesse da presidente Dilma Rousseff (PT) e da base aliada. Foi assim – por exemplo – quando ocorreu a histórica sessão da revisão da meta fiscal, bem como na composição da Mesa Diretora do Senado.

Diante de uma nova conjuntura de crise política e econômica, de um lado a presidente Dilma Rousseff se encontra isolada e enfrenta a desaprovação popular. Do outro, o Congresso também está combalido e tem uma péssima imagem diante da opinião pública. As recentes pesquisas de opinião mostram bem isto.

Calheiros deixou clara a busca por independência do Legislativo quando concedeu entrevista à Agência Brasil. O presidente do Senado foi abordado sobre a questão do indexador das dívidas dos estados diante da derrota que Dilma Rousseff sofreu na Câmara de Deputados. O peemedebista respondeu: “se o governo não a regulamenta, desfaz a eficácia da lei”.

Deu a deixa para Dilma Rousseff. A presidente deve sofrer uma nova derrota no Senado Federal. Não é por acaso que a presidente busca o apoio dos governadores na tentativa de convencer as bancadas. Tratei do assunto aqui neste blog. Calheiros – que sempre soube ser um fiel aliado – mostra que também sabe ser um duro opositor.

Dilma Rousseff enfrenta um Congresso em ebulição, com muitos que acham que a lista da Procuradoria Geral da República encaminhada ao Supremo Tribunal Federal com pedidos de abertura de inquéritos contra parlamentares, com base na Operação Lava-jato, foi bem “seletiva”.

Renan Calheiros manda outro recado: “o Congresso será o Congresso. O Executivo tem de ser o Executivo. E todos temos de conviver com harmonia". Harmonia é artigo raro em Brasília (DF).

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