O PMDB do presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB/AL), mostra mais uma vez que não terá vida fácil para a presidente Dilma Rousseff (PT) nem no Senado Federal, nem na Câmara de Deputados.

A relação de PT e PMDB – aliados desde a época do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) – sempre foi uma relação de altos e baixos. Hoje, na cobrança de um governo de coalizão e para não ser atropelado pelo projeto do poder do PT, que quer depender cada vez menos da base aliada na construção de um discurso hegemônico, a relação está mais estremecida do que nunca.

Por sinal, Dilma Rousseff – diante dos recentes escândalos envolvendo seu partido, políticos aliados, e a crise econômica que assola o país – tem encontrado dificuldades para construir a governabilidade. Tentou dispensar o PMDB, ou pelo menos reduzir a dependência logo no início. Cid Gomes – ex-ministro da Educação – foi escalado para construir uma frente liderada pelo PROS neste sentido.

Mas deu no que deu!

Agora, quando Dilma Rousseff precisa do Congresso para passar um ajuste fiscal polêmico que cobra um sacrifício do governo sem o Executivo sequer sinalizar com corte de gastos, o PMDB aproveita o cenário para se impor. Renan Calheiros falou sobre o assunto no dia de hoje, 24, e foi duro em sua análise.

Cobrou que o governo cortasse na própria carne. Em uma alusão ao programa federal Mais Médicos, Renan Calheiros pediu que a gestão de Dilma Rousseff sinalizasse com um novo programa: “o Menos Ministérios”.

"O Congresso Nacional está pronto para fazer a sua parte. Não há como o Parlamento abrir mão de aprimorar o ajuste fiscal proposto pelo Executivo. O ajuste como está tende a não ser aceito pelo Congresso porque é recusado pelo conjunto da sociedade", destacou Calheiros.

O ajuste fiscal pretende uma economia de R$ 67 bilhões, mas não encontra defesa nem mesmo entre centrais sindicais e petistas, quanto mais pela oposição. O motivo? Reduz benefícios trabalhistas e previdenciários. Aqueles que não seriam mexidos nem se a vaca tossisse. Renan Calheiros fez a leitura perfeita do momento.

O senador peemedebista puxou para si uma bandeira que era a da oposição no ano de 2014, quando esta cobrava a redução do atual número de ministérios. Dilma Rousseff tem 39 ministros. Vale lembrar: o excesso de ministro já era conhecido do PMDB desde sempre. Tanto que – em outro momento da política – aceitou de bom grado os cargos que lhe foram ofertados.

Que são muitos, de fato são. Impressionante como o número de ministros cresceu da gestão do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), que agora é senador, até os dias atuais. Por que só agora é um incômodo para os aliados de Dilma Rousseff que também sempre entenderam muito bem dos benefícios dos loteamentos dos órgãos públicos? O que um momento político não faz.

Eis a fala de Renan Calheiros: "se aplaudimos recentemente o Mais Médicos [um dos principais programas do governo na área da saúde], está na hora do programa 'Menos Ministérios'; 20 no máximo, menos cargos comissionados, menos desperdício e menos aparelhamento”. O discurso de Calheiros recebeu aplausos. Como disse: soube fazer a leitura certa do momento.

Os erros do governo federal que estão aí desde sempre começam a se transformar em chagas abertas até para que os aliados saibam bem como agir. O governo federal erra e tem muito a explicar. Mas não é que o PMDB sempre remou na mesma canoa. 

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